Após publicar uma foto sorridente fugindo para os Estados Unidos na madrugada desta segunda-feira (19), o deputado cassado e ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR) informou, via assessoria, que viajou para Chicago com tudo pago para participar de uma conferência que debate teologia, filosofia, empreendedorismo e desenvolvimento internacional. E que retorna ao Brasil até julho.
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Segundo a assessoria, Dallagnol viajou acompanhado da esposa, Fernanda, para participar da Acton University, conferência organizada pelo Action Institute, ONG que é presidida pelo reverendo Robert A. Sirico, famoso crítico do Papa Francisco.
No site, a Action University diz que "uma exploração de quatro dias de teologia" e de outros temas. Segundo a assessoria, Dallagnol vai participar de painéis durante a conferência.
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A Action University, no entanto, não lista Dallagnol como palestrante em 2023. Em 2019, quando ainda atuava como procurador-chefe da Lava Jato, o brasileiro fez uma palestra no evento "em reconhecimento à sua atuação contra a corrupção e aos resultados inéditos da Lava Jato".
"Além de seu trabalho no caso da Lava Jato, Dallagnol tem sido um dos principais líderes na condução de campanhas nacionais contra a corrupção, buscando reformar leis e políticas e restaurar a integridade no estado de direito", diz o perfil de Dallagnol no site.
Anti-papa
De origem italiana e criado no Brooklin, em Nova York, o padre Robert Sirico é autor do livro "Em defesa do livre mercado" e se tornou conhecido como detrator do Papa Francisco, que tem clara inclinação socialista..
"O Papa vem da Argentina, e durante a ditadura teve empatia com muitos militantes de esquerda perseguidos. Não creio que seja um marxista ou partidário da Teologia da Libertação, porém, como o mesmo admitiu, não entende muito bem dos mecanismos da economia. Por exemplo: na Laudato Si’, faz uma crítica à industrialização ao mesmo tempo em que defende a importância do trabalho. Também diz que o período industrial foi o pior da história do homem, e não consegue entendê-lo. Ao contrário, foi o melhor! Melhorou o acesso aos recursos, ao nível de vida, à longevidade... E foi precisamente a liberdade de contratação, o trabalho livre, que permitiu. Eu gostaria que o Papa lesse um pouco mais de economia", afirma ele no livro.
Em seu livro, Sirico diz que "a Igreja se opôs ao livre mercado radical, porém não às instituições que possibilitam o livre mercado: o Estado de direito, a propriedade privada, o ânimo empreendedor, a santidade do trabalho".
A partir de uma visão distorcida daquele que é defendido pela Igreja Católica a partir da doutrina cristã, Sirico usa o chavão da meritocracia, propagado na na extrema-direita, dizendo que "a desigualdade não é somente inerente ao capitalismo, mas sim à própria vida”.
"Todos somos indivíduos, e isso significa que não somos iguais, que temos diferentes habilidades. Ao falar de desigualdade, o enfoque da Igreja não se centra em uma brecha econômica pontual em respeito aos demais, mas sim na própria pessoa humana, em si, suas circunstâncias não são melhores ou piores em relação a outras épocas", diz.