Mensagens encontradas no celular de Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, incriminam o ex-presidente como organizador dos ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília. Segundo Gabriela, foi o próprio Bolsonaro quem queria que os seus apoiadores se dirigissem à capital do país em ação que buscava mantê-lo no poder ao contrário da vontade popular expressa nas eleições.
A conversa em questão foi revelada na última sexta-feira (16) por um relatório da Polícia Federal, que faz uma devassa nos celulares de Mauro Cid. As mensagens foram trocadas em 2 de novembro, apenas três depois das eleições que recolocaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto, e fazem parte das conversas de Gabriela com Ticiana Villas-Bôas, filha do general Eduardo Villas-Bôas - do famoso tuíte de 2018 que “alertava” as instituições a não “esticarem a corda”, em referência à possibilidade de Lula concorrer às eleições naquele ano.
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A dupla estava revoltada com o resultado das eleições e buscava narrativas e estratégias que pudessem viabilizar um golpe de estado. Era comum acordo que os manifestantes não deveriam reivindicar uma ‘intervenção federal’. Em troca, o correto seria exigir o impeachment de Alexandre de Moraes.
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“Temos que pedir novas eleições com voto impresso, nada de intervenção federal. Temos que exigir novas eleições com voto impresso. Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso. Agora!”, escreveu Gabriela Cid. Ticiana Villas-Bôas respondeu: “Ou isso, ou a queda do Moraes”.
A seguir, ambas concordam que era preciso manter as hordas bolsonaristas mobilizadas nas ruas. É nesse contexto que Ticiana Villas-Bôas propõe que o próprio Exército oriente uma paralisação dos caminhoneiros. “Os caminhoneiros têm que parar sem obstruir [as rodovias]. E alguém precisa articular isso com eles e os manifestantes. Alguém tinha que falar com eles”, escreve.
“Pois é”, responde Gabriela Cid. E emenda nas mensagens seguintes aquilo que pode incriminar o ex-presidente. Ela diz com todas as letras que “o presidente pediu” que alguém orientasse os caminhoneiros e que seus apoiadores fossem para a capital.
“Foi o que pediu o presidente. E acho que todos que podem têm que vir a Brasília. Invadir Brasília como no 7 de setembro e dessa o presidente com toda essa força agirá”, escreveu.