O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não terá problemas apenas no próximo dia 22 de junho quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apreciará ação que pode torná-lo inelegível. Nesta sexta-feira (16) o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o líder da extrema-direita preste um novo depoimento que ainda não data para ocorrer.
A decisão tem relação com o que Moraes taxou, à época, de ‘golpe tabajara’. Trata-se do plano golpista que envolvia o ex-presidente, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e o ex-deputado federal cassado Daniel Silveira (expulso do PTB de Roberto Jefferson e do ‘padre’ Kelmon). Eles pretendiam colocar uma escuta clandestina em Moraes a fim de afastá-lo do TSE e do STF, abrindo caminho para uma suposta anulação das eleições que manteria Bolsonaro no poder.
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Na última quinta (15) Marcos do Val foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal em seus endereços, autorizada por Moraes, no Distrito Federal e no Espírito Santo. Nessa sexta (16), o pedido do ministro por novas oitivas inclui, além de Bolsonaro, o próprio Daniel Silveira.
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“Preceder à imediata realização da oitiva do representado [Bolsonaro], observadas suas garantias constitucionais e legais. Identificar e proceder à oitiva de outros agentes com os quais o investigado tenha interagido mediante incitação e/ou cooptação para a prática de atos tendentes e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, bem como proceder à oitiva de Daniel Lucio Silveira e de Jair Messias Bolsonaro quanto aos fatos expostos”, escreveu Moraes na decisão.
O ‘golpe tabajara’
Em primeiro de fevereiro deste ano, o senador Marcos do Val anunciou a “bomba”. Em live com integrantes do MBL, o senador afirmou que participou de uma reunião no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro em que Bolsonaro detalhou o plano para "atirar o país numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização". Daniel Silveira também estava presente.
Do Val conta que o plano de Bolsonaro era que alguém de confiança se aproximasse do ministro Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e arrancasse dele alguma declaração comprometedora. A conversa seria gravada e o áudio divulgado como estopim para uma convulsão social no país. O comprometimento de Moraes causaria, então, uma intervenção do Poder Executivo no STF e no TSE para, em seguida, anular as eleições vencidas por Lula (PT).
Em um primeiro momento, Bolsonaro seria o grande artífice do ‘golpe tabajara’. No entanto, após uma conversa com Flávio e Eduardo Bolsonaro, Marcos do Val mudou sua versão para uma em que o ex-presidente seria um mero expectador. Clique aqui e relembre todas as versões de Marcos do Val sobre a trama golpista.