Nesta segunda-feira (12), foi anunciada em jornais do mundo todo a morte do ex-primeiro-ministro fascista da Itália Silvio Berlusconi, aos 86 anos. Internado há uma semana no hospital San Raffaele, em Milão, o político não resistiu às complicações de saúde, segundo a imprensa local.
Silvio nasceu em 29 de outubro de 1936 em uma família modesta e depois se tornou um bilionário empresário, na década de 60, através da riqueza que acumulou em imobiliários, em Milão. Antes disso, ele cursou Direito pela Università Statale e foi contrabaixista durante o período na faculdade, e às vezes fazia bicos como cantor em cruzeiros.
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Berlusconi fez parte da coligação de extrema-direita na Itália no partido Forza Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, além de presidir o Il Popolo della Libertà. Em 2013, no dia da memória ao Holocausto, afirmou que Benito Mussolini “fez muitas coisas boas, com exceção das famosas leis raciais antissemitas” e gerou muita revolta no povo italiano.
Sua trajetória no poder começou em 1994, liderando quatro governos até 2011 e ficou conhecido por ser uma das figuras mais controversas de Itália e protagonista de vários escândalos sexuais e financeiros. Um dos escândalos foi com Karima El Mahroug, que ele mantinha relações quando ela tinha apenas 17 anos.
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Mídia
Com o arrecadamento dos apartamentos em 1973, ele fundou a “TeleMilano”, o primeiro canal com sinal fechado na Itália, que atendia apenas moradores do empreendimento imobiliário do qual ele havia participado.
A Fininvest, holding associada aos três canais pagos com a loja maçônica Propaganda Due, chegou a ser fundada por Silvio em 1978. Ela era composta por várias TVs locais que exibiam programação semelhante. No ano de 1980, o bilionário fundou o Canale 5, tida como a primeira rede nacional italiana, e depois surgiram outros como a REte 4, Italia 1, Telecinco, DSF e La Cinquième.
Detentor das ações do clube de futebol A.C Milan, em 2016, anunciou a venda de sua parte para a empresa chinesa Rossoneri Sport Investment Lux com valor de US$ 2,5 bilhões na transação finalizada.
Corrupção
Ao todo, 150 empresas italianas ficaram sob seu comando, inclusive o jornal diário Il Giornale e a Mandadori, a maior editora da Itália. Comprando uma série de canais locais de TV com a finalidade de desafiar o monopólio da televisão estatal italiana, a RAI, ele foi levado à Justiça. No entanto, para persuadir o governo a mudar a lei para permitir que sua rede comercial se mantivesse no ar, Berlusconi usou suas relações e laços que possuía com o primeiro-ministro Bettino Craxi.
Mais cedo ou mais tarde, o empresário se voltaria para a política: no ano de 1994, no momento em que ocorria uma investigação judicial contra uma rede de corrupção política italiana entre 1980 e 1990, Silvio encontrou uma chance de retorno.
Assim, ele compôs um novo partido, o Forza Itália. com objetivo de atrair eleitores considerados moderados para combater o que ele chamava de comunismo no país. Sua atitude foi vista mais como uma forma de se desvencilhar das acusações políticas que sofreu do que efetivamente combater a corrupção que tanto falava.
Ao assumir o poder, seu governo aprovou uma lei que concedeu a ele e outras figuras públicas de destaque a imunidade contra acusações enquanto presidiram o cargo parlamentar. Mais tarde essa lei foi derrubada pelo tribunal.
A vitória de Berlusconi nas eleições de 1994 se deu a uma imensa campanha publicitária nos mais diversos canais de televisão, sendo escolhido como primeiro-ministro e chefe de um governo de coalizão. Apenas sete meses depois, seu governo entraria em colapso por rivalidades entre os três partidos de coalizão, unidas ao indiciamento do bilionário por fraude fiscal através de uma corte de Milão.
Em 2001, ele volta ao cenário político no posto de primeiro-ministro como chefe de uma nova coalizão intitulada como Casa das Liberdades. O objetivo da campanha da coalizão era a promessa de reformar a economia italiana, aumentar as pensões e simplificar o sistema fiscal.
Não parou por aí
Depois, caiu ao não cumprir com a promessa devido à piora da economia global, o Produto Interno Bruto (PIB). No ano de 2008, o Forza Italia foi desmantelado, e deu lugar ao chamado Povo da Liberdade (Popolo della Liberta, ou PdL, em italiano).
O novo grupo de Silvio começou a se dividir quase imediatamente com brigas entre o primeiro-ministro e Gianfranco Fini. Já em 2011, Berlusconi tem sua última derrota: quando o PdL perdeu apoio popular nas eleições locais.
Dos casos julgados em ao menos seis vezes, o político neoliberal respondeu por fraude, fraude fiscal, falsificação de contabilidade e tentativa de subornação a um juiz.
*Com informações da BBC News Brasil