PADRE JÚLIO LACELLOTTI

“Cruel e higienista”: prefeito de São Paulo cai no choro diante de críticas do Padre Júlio

Após jogar GCM com truculência em cima dos moradores em situação de rua, retirar barracas e gradear praças, Ricardo Nunes se diz “incompreendido”

Padre Julio Lancellotti.Créditos: @henriquedecampos/Instagram
Escrito en POLÍTICA el

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), caiu no choro durante encontro na última segunda-feira (29), com o padre Júlio Lancellotti, que é extremamente crítico à sua política com relação aos moradores em situação de rua.

Nunes, que já foi chamado pelo padre de “cruel e higienista”, afirmou que se sente incompreendido. Além dos dois, estavam presentes também à reunião o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, e os secretários Carlos Bezerra Jr. (Assistência Social) e Soninha Francine (Direitos Humanos), além de Edson Ortega, secretário-executivo de Governo.

Nunes afirmou aos prantos que considera pessoais as críticas feitas pelo padre Júlio nas redes sociais. Ele disse que compreende divergências políticas, mas afirmou que sofre quando é chamado de “cruel ou higienista”, e que recebe questionamentos na rua a respeito do que diz o pároco.

Truculência

Padre Júlio relatou à coluna de Mônica Bergamo que a conversa teve como tema principal o cumprimento do decreto 59.246/20, que trata da relação do poder municipal com os moradores de rua.

"Pedimos que o decreto seja respeitado e que haja uma integração entre as secretarias. Quando a gente fala para o pessoal da assistência social sobre a truculência da GCM [Guarda Civil Municipal], eles dizem que não têm responsabilidade. Mas a prefeitura é uma só", afirmou.

O decreto estabelece regras de zeladoria e protocolos para lidar com as pessoas que vivem nas ruas. Não se pode remover documentos e medicamentos, por exemplo, nem usar força injustificada.

Além disso, ele reforçou posições já manifestadas anteriormente, como as ressalvas à retirada forçada de barracas durante o dia pela prefeitura e também do gradeamento da praça da Sé.

"Reafirmei ao prefeito que essa situação não muda enquanto as pessoas não tiverem alternativa que não seja viver nas ruas", encerrou.