O Ministério da Saúde do Governo Lula confirmou nesta terça-feira (9) para a imprensa nacional que exonerou o coronel Élcio Franco, do Exército, do cargo que exercia como conselheiro da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia, uma estatal ligada à pasta. O militar foi pego neste semana, em mensagens de áudio, planejando um golpe de Estado contra a democracia brasileira.
De acordo com o informe, o processo de exoneração está em curso e será formalizado assim que o Ministério da Saúde decidir pelo nome que irá ocupar o cargo em seu lugar. Élcio Franco foi indicado no final de 2020 pelo então ministro Eduardo Pazuello, responsável por uma das piores políticas de combate à pandemia de Covid-19 do mundo, e manteve-se na estatal desde então, perpassando, inclusive, 4 meses durante o Governo Lula.
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Além de ter sido secretário-executivo da Saúde e considerado o “braço direito” de Pazuello, Élcio Franco também está vinculado à tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro. Mensagens de áudio que integram o inquérito da Polícia Federal (PF) contra o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, foram divulgadas pela CNN nesta segunda-feira (8) e mostram que Franco não só sabia como também sugeriu como mobilizar 1.500 homens para o golpe.
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Em diálogo com Ailton Barros, que foi preso no último dia 4 durante a Operação Venire deflagrada pela PF para investigar suspeita de fraude e cartões de vacinação, relatou o temor do então comandante do Exército de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe.
As conversas mostram que Ailton e os aliados do golpe cogitaram até suplantar a autoridade do então comandante do Exército, general Freire Gomes, usando o Batalhão de Operações Especiais do Exército. Clique aqui e confira os áudios.
Quem é Élcio Franco
Élcio Franco já esteve no centro de outro escândalo que foi revelado durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, instalada no Senado em 2021.
Documentos do colegiado apontaram que o valor contratado pelo governo brasileiro, de US$ 15 por vacina (R$ 80,70), ficou bastante acima do preço inicialmente previsto pela empresa Bharat Biotech, de US$ 1,34 por dose. O valor foi celebrado em um contrato de compra do governo federal em fevereiro de 2021, mas não foi pago e as doses não foram recebidas. A compra não foi finalizada porque o escândalo estourou antes.
Franco era considerado o "número 2" no Ministério da Saúde durante a gestão de Eduardo Pazuello e concentrava diversas decisões durante a pandemia — inclusive sobre a negociação de compra de vacinas.
Ele também foi defensor do tratamento precoce — o uso de medicamentos sem eficácia comprovada no combate à Covid-19, ou com eficácia já descartada — e disse em depoimento à CPI da Covid que sua gestão no ministério da Saúde defendia esse tipo de atendimento a pacientes na rede pública.