Está programado para a tarde desta segunda-feira (8) o novo depoimento do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretario de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que está preso desde janeiro acusado de conivência com os ataques bolsonaristas à Brasília em 8 de janeiro. O principal objetivo do depoimento é esclarecer a possível interferência da pasta sobre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo das eleições de 2022, quando uma série de operações, a maioria no Nordeste, retardou a chegada de eleitores aos locais de votação em zonas onde voto petista foi predominante.
O depoimento estava marcado para o último dia 24 de abril, mas a defesa de Torres pediu o adiamento por conta das condições de saúde física e emocional que o ex-ministro vivia naquele momento. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acolheu o laudo de Torres apresentado pela Secretaria de Saúde do DF e determinou a nova data para ouvi-lo.
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Em fato novo que envolve o episódio, a CNN divulgou um documento que aponta que Torres utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir à Bahia 6 dias antes do segundo turno. Lá, fez uma conversa com o delegado Leandro Almada, superintendente da PRF no Estado. Torres teria chegado a Salvador em 24 de outubro e conversado com Almada no dia seguinte sobre as operações que seriam realizadas no dia 30 daquele mês, data do segundo turno das eleições nacionais.
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Ainda que segundo a determinação de Moraes, Torres pode permanecer em silêncio, seu advogado Eumar Roberto Novacki garantiu que o ex-ministro irá esclarecer “tudo o que for perguntado”.
Torres está preso desde o dia 14 de janeiro na sede do 4º Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Ele é suspeito de omissão durante as ações golpistas de 8 de janeiro. O novo depoimento de Torres à PF ocorre depois de uma sucessão de eventos das últimas duas semanas que mantém o caso em destaque na imprensa, no mundo político e na Justiça.
Visita de senadores bolsonaristas
No último sábado (6), senadores bolsonaristas visitaram o ex-ministro na prisão. Torres recebeu Márcio Bittar (União-AC), Jorge Seif (PL-SC), Magno Malta (PL-ES), Eduardo Gomes (PL-TO) e Rogério Marinho (PL-RN).
Durante a visita, Torres alegou inocência e demonstrou fragilidade, conforme os senadores. No último domingo (7) estava prevista a vista de mais cinco senadores. Essas visitas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em resposta a um pedido feito por meio de ofício assinado por mais de 40 senadores no dia 15 de março. No documento, os senadores afirmaram que o pedido de visita foi feito por razões humanitárias.
Dois senadores não foram autorizados a visitar Torres: Marcos do Val (Podemos-ES) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por também serem suspeitos de envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Risco de suicídio
No dia 26 de abril, a defesa do ex-ministro de Bolsonaro pediu que ele fosse libertado por correr risco de cometer suicídio na cadeia. Mas na avaliação do sistema prisional do DF, Torres está em "bom estado geral, consciente, atento e colaborativo”. O pedido foi negado.
Carreira comprometida
Anderson vai sofrer dois processos da PF, corporação na qual é delegado. Ele pode ter o salário, de cerca de R$ 30 mil, cortado; e ainda ser expulso.
Senhas erradas
Torres também entregou a senha errada de seu celular e e-mail para a PF. A desculpa da defesa foi um suposto "comprometimento cognitivo" do detido.