As investigações da Polícia Federal que apuram o esquema de fraude nos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro (PL) e sua filha Laura, de 12 anos, apontam que o ex-presidente emitiu um novo certificado de imunização contra a Covid-19 cerca de 15 dias antes do seu retorno ao Brasil. De acordo com o inquérito, o perfil do ex-presidente no aplicativo ConecteSUS foi acessado pelo menos 4 vezes desde o último mês de dezembro.
O último acesso ocorreu em 14 de março às 8 horas da manhã e 15 minutos. Bolsonaro voltou ao Brasil no último dia 30 de março, após passar três meses nos EUA. Ele fugiu de Brasília em 30 de dezembro, rumo à “terra do Tio Sam”, a fim de escapar da posse de Lula em primeiro de janeiro. É justamente por conta dessa viagem que a PF investiga seus cartões de vacinação: enquanto os EUA exigem oficialmente um comprovante de imunização contra a Covid-19 para a entrada de visitantes, Bolsonaro alega que não se vacinou.
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Na mesma decisão que autorizou os mandados de busca e apreensão na casa de Bolsoanaro e as prisões preventivas de 6 dos seus auxiliares, a PF também solicitou informações sobre o acesso do perfil do ex-presidente no ConecteSUS à Secretaria de Governo Digital. Investigadores apontam que a conta era administrada, pelo menos até 22 de dezembro de 2022, pelo tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens que está preso desde ontem (3).
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Depois da data apontada, o cadastro de Bolsonaro teve seu e-mail trocado. O novo administrador então teria passado a ser Marcelo Costa Camara, que atuava naquele momento como assessor especial do então presidente e o acompanhou durante os meses em que esteve na Flórida.
“A alteração cadastral foi realizada a partir do mesmo endereço de IP utilizado para emitir o certificado de vacinação ideologicamente falso, com registro no Palácio do Planalto. Dessa forma, é possível concluir que o acesso ao aplicativo ConecteSUS e as consequentes emissões de certificado de vacinação contra a Covid-19, nos dias 22 e 27 de dezembro de 2022, pelo usuário do ex-presidente da República foram realizados no Palácio do Planalto, local condizente com a atividade então exercida por Jair Bolsonaro”, escreveu a PF.
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Em seguida, o documento da Polícia Federal aponta que não existe a menor chance de que hackers tenham invadido o perfil de Bolsonaro para prejudicá-lo. Pelo contrário, tudo foi feito por assessores próximo a ele, tendo o próprio tenente-coronel Mauro Cid emitido a certificação em 30 de dezembro a partir do seu celular.
“Os endereços de e-mail utilizados para acessar o sistema gov.br de Jair Bolsonaro são de assessores próximos ao ex-presidente da República. Portanto, não se evidenciou qualquer fato suspeito relacionado à utilização indevida do usuário do ex-presidente por terceiros não autorizados. Pelo contrário, os elementos informativos colhidos demonstraram coerência lógica e temporal desde a inserção dos dados falsos no sistema SI-PNI até a geração dos certificados de vacinação contra a Covid-19, indicando que Bolsonaro, Cid e, possivelmente, Camara, tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, diz outro trecho do documento produzido pela investigação.
A PF ainda apontou que as investigações apontam que a fraude teria como claro objetivo “gerar vantagem indevida” a Bolsonaro.