A VELHA TÁTICA

MBL tenta constranger e intimidar Nando Reis por apoio ao PL das Fake News

Não é de hoje que o grupo de direita usa a "técnica CQC" de tentar expor e constranger pessoas que são contrárias às suas opiniões

Membro do MBL tenta constranger e intimidar Nando Reis por apoio ao PL das Fake News.Créditos: Reprodução/Instagram
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O Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de direita que cresceu puxando manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, está utilizando sua velha tática de tentar constranger pessoas contrárias às suas opiniões, as expondo em vídeos gravados sem consentimento, para fazer campanha contra a aprovação do PL 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, que está prestes a ser votado na Câmara dos Deputados. 

O modus operandi já foi utilizado pelo MBL quando, por exemplo, invadiam escolas e hospitais, constrangendo profissionais de saúde e professores, supostamente para mostrar a "má qualidade" dos serviços prestados. Desta vez, o grupo focou em políticos e também em artistas favoráveis à proposta legislativa que visa, entre outros pontos, combater crimes nas redes sociais. 

Um dos alvos nesta terça-feira (2) foi o cantor Nando Reis, que viajou a Brasília para acompanhar a votação do PL na Câmara dos Deputados e prestar seu apoio à proposta junto com outros artistas. 

Gabriel Costenaro, integrante do MBL do Rio de Janeiro, abordou o cantor de maneira invasiva no aeroporto de Brasília e passou a filmá-lo, com o claro intuito de constrangê-lo e intimidá-lo, o questionando sobre seu apoio ao que chamam de "PL da Censura". 

O vídeo divulgado pelo MBL em suas redes sociais é repleto de edições e cortes. "O senhor está a favor da lei para combater as fake news", pergunta Costenaro a Nando Reis, colocando a mão no ombro do cantor, que responde: "Sim, claro". Na sequência, o membro do grupo de direita questiona se o cantor apoiaria o projeto se ele fosse defendido por um "presidente de direita". Neste momento, fica claro o incômodo do artista. "Ah, velho", diz Nando Reis, claramente constrangido, saindo de cena enquanto Costenaro o persegue. 

"Censura só com a direita que pode?", insiste o membro do MBL enquanto Nando Reis segue andando, deixando claro que não quer conversar com ele. "Você só não me importuna, tá?", dispara o cantor ao final da edição feita pelo gripo de direita. 

Artistas na Câmara em apoio ao PL das Fake News

Entre a última (26) e esta terça-feira (2), diversos artistas têm ido à Brasília e utilizado suas redes sociais para esclarecer suas demandas sobre o PL 2630/20, o PL das Fake News.

Figuras como Marisa Monte e Glória Pires foram à capital federal na última semana e entregaram uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. 

Nesta terça-feira (2), uma comitiva do grupo 342 Artes foi para Brasília para se reunir com autoridades em favor do projeto de lei. Paula Lavigne, Paula Lima, Margareth Menezes, Glória Pires, Paulinho Moska, Vanessa da Mata, Nando Reis, Fernanda Abreu e Paulinho Moska estiveram em reunião com políticos e deputados.

A proposta, encabeçada pelo relator Orlando Silva (PCdoB) e apoiada pelo governo, contém um dispositivo que garante a remuneração das plataformas por utilização de conteúdos protegidos por direitos autorais.

Esse dispositivo obrigará plataformas como o Google a remunerar conteúdos exibidos através de suas plataformas aos criadores de conteúdo original.

O mesmo acontecerá, por exemplo, para músicas, obras de arte e filmes exibidos nas redes sociais. Os artistas exigem que a lei seja votada para que eles possam ser remunerados como cocriadores de diversas obras.

“A gente veio pedir para que seja mantido o trecho que fala sobre direitos autorais, direitos conexos que vão reestabelecer direitos de músicos que, desde o tempo analógico para o digital se perderam, também oferecer aos atores que até hoje não têm direito sobre a reprodução a longo prazo de suas imagens, suas novelas”, ressaltou Marisa Monte.

A legislação vai afetar plataformas como Facebook, Instagram, Google e Twitter.  “É uma coisa que está em lei, a gente não está pedindo nada, a gente só está pedindo que seja executado o que a lei de direito autoral fala, que tem que ser remunerado”, disse a produtora Paula Lavigne.