Os advogados que fazem a defesa de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram, em entrevista coletiva convocada na noite da última segunda-feira (15), que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usava o cartão de crédito de uma amiga porque seu marida seria “pão-duro”. Além disso, sem créditos para emitir um cartão próprio, teria suas despesas pagas em dinheiro vivo pelo então ajudante de ordens Mauro Cid mediante reembolso à amiga.
Segundo Fabio Wajngarten, advogado e ex-secretário de Comunicação Social do Governo Bolsonaro, Michelle usou o cartão de Rosemary Cardoso Cordeiro, com quem alega ter amizade de muitos anos, a partir de novembro de 2011. Isso ocorreu porque a ex-primeira-dama não teria crédito para emitir um cartão em seu nome até junho de 2021, quando finalmente adquiriu um.
Te podría interesar
Ajude a financiar o documentário da Fórum Filmes sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Clique em https://bit.ly/doc8dejaneiro e escolha o valor que puder ou faça uma doação pela nossa chave: pix@revistaforum.com.br.
“A dona Michelle nunca possuiu limite de crédito. Ela não tinha receita compatível e usou o cartão da amiga para evitar constrangimentos. A resposta da dona Michelle para mim há meia hora foi: ‘Meu marido sempre foi muito pão-duro”, explicou Wajngarten.
Os gatos da ex-primeira-dama no cartão da amiga pagariam despesas pessoais e os gastos mensais poderiam passar de R$ 2 mil. Os advogados prometeram mostrar no futuro uma planilha que demonstre todos os reembolsos à amiga.
“Como funcionava: a dona Michelle fazia pequenas compras e reembolsava mês a mês a Rosemary. Quando chegava a fatura, a Rosemary dizia: ‘o cartão adicional deu mil, dois mil, 300, 800…”, explicou o advogado. Wajngarten ainda alega que os valores do reembolso eram sacados da conta pessoal de Jair Bolsonaro. No entanto nenhum documento foi apresentado à imprensa uma vez que o processo corre em sigilo – só foi mostrada uma planilha com os valores que seriam relacionados aos saques da conta pessoal de Bolsonaro entre 2019 e 2022.
Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, ambas assessoras de Michelle, procuraram à época o então ajudante de ordens, Mauro Cid, para recomendar que a ex-primeira-dama parasse de usar o cartão da amiga sob pena de ser acusada da prática de rachadinha. A defesa confirma o diálogo.
“O Mauro Cid endossa e diz: ‘é melhor parar de usar, ainda que tenha reembolso mensal, é melhor’. As duas assessoras então concordam que era melhor devolver o cartão”, contou Wajngarten.
O ex-presidente Jair Bolsonaro irá depor – pela terceira vez em menos de dois meses - na Polícia Federal a partir das 14h desta terça-feira (16). Os investigadores querem saber qual seu grau de envolvimento no esquema de fraudes em cartões de vacinação. Já a ex-primeira-dama deve ser intimada nos próximas dias para também prestar o seu depoimento.