O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Sílvio Almeida, falou nesta quarta-feira (5) em evento organizado pela pasta sobre o triste massacre registrado na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC). Levando em consideração o curto intervalo de tempo entre a ocorrência, que vitimou 4 crianças, e o evento do Ministério, a fala do ministro foi praticamente um desabafo diante do horror que chocou todo o país.
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“Um país, um mundo, que mata crianças é tudo menos uma democracia. É tudo menos um mundo decente. Eu sinto ter que dizer isso hoje. Mas eu estou dizendo isso porque é só assim que a gente vai conseguir entender o que nós temos que fazer para mudar. Senhoras e senhores, nós estamos falhando miseravelmente com nossas crianças e adolescentes. Estamos falhando com quem mais precisa da gente e temos que admitir isso para dar um passo adiante”, disse o ministro.
Em seguida, Sílvio Almeida toca em um ponto central. Ao invés de levantar supostas vítimas de bullying como a razão para os ataques, como muitas vezes vemos nos meios de comunicação, o ministro elencou elementos do ecossistema que, de alguma maneira, dá cobertura a esses ataques. Não são apenas reações a bullying, jogos armados em fóruns nos subterrâneos da internet ou ações dos chamados lobos solitários. Ao contrário, há todo um esquema social de difusão e aceitação de ideias truculentas que tem relação com ataques dessa natureza.
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“Nós não podemos achar que vamos mudar coisa alguma fazendo reunião em lugar fechado, cartilha e conversando sobre questões burocráticas. Nós vamos esperar chegar no número dos Estados Unidos para agir? Um país que é modelo para muita gente e tem 300 ataques por ano em escolas? Com essa gente cultuando arma e querendo dar golpe de Estado no Brasil? Querendo mais é que as pessoas morram de fome e que crianças e adolescentes não tenham futuro? Eu não me conformo com isso e não quero viver em um mundo assim”, desabafou.
O ministro terminou o seu discurso lembrando que não é apenas nos massacres escolares onde morrem crianças e elencou algumas outras 'modalidades' com as quais violências desta natureza costumam se apresentar.
“Estamos falando de crianças que foram assassinadas hoje. Mas há outro jeito de se matar crianças também. E que nós temos cultivado e normalizado há muito tempo no Brasil. Temos permitido que crianças passem fome, fiquem sem escola e que morem nas ruas sem amparo e proteção”, concluiu.