O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) viralizou nas redes sociais na última quinta-feira (27) ao responder à fala preconceituosa do vereador bolsonarista de Curitiba, Eder Borges (PP), que ataca o hip hop. Na terça-feira (25), Borges afirmou em plenário que o movimento cultural teria “ligação íntima” com o crime organizado. Nesta sexta-feira (28), Freitas avaliou o episódio com exclusividade para a Revista Fórum.
“A fala do vereador foi uma declaração infeliz, odiosa e racista. Uma declaração que surpreende a todos os adeptos à cultura hip hop, sobretudo neste ano em que completa 50 anos e está sendo celebrada no mundo inteiro por ser uma cultura que resgata vidas. Uma cultura que traz auto estima, que construiu o senso de negritude de boa parte da população negra brasileira, que conscientizou, politizou e direcionou muitos jovens, fazendo com que eles não se perdessem no caminho da criminalidade, das drogas, entre outros caminhos autodestrutivos”, declarou Renato Freitas.
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A fala de Borges é um verdadeiro acinte a qualquer pessoa que acompanha, admira, vive ou estuda a cultura hip hop. A começar pela questão do racismo. É óbvio, basta escutar as letras com atenção, que a temática da imensa maioria dos artistas do gênero, senão todos, tem a ver com a luta antirrascista. Mas para o bolsonarista, “o hip-hop tem uma raiz racista. É íntima a ligação do hip-hop com o crime organizado e com a extrema esquerda, que, na verdade, é a mesma coisa. Uma constante apologia à violência”, declarou.
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O vereador ainda chamou de “bando de vagabundos” aqueles que estão envolvidos com as manifestações do hip hop. “Trabalhar que é bom, nada. Bando de vagabundos. Para que serve o hip-hop? Para ensinar os nossos jovens que o crime compensa. É a cultura da glorificação da miséria. A ostentação das coisas mais vis. Sexista. É tudo o que há de pior, porque prega a segregação. Eu questiono a liberdade de expressão nesse ponto,” disparou.
Na rápida conversa com a reportagem da Fórum, Renato Freitas rebateu também este trecho das declarações de Borges. Em uma breve fala conseguiu resumir do que se trata o hip hop e como contribuiu, não apenas com a auto estima das periferias e do povo preto, mas em especial com a construção da paz nos bairros onde vive a maior parte da classe trabalhadora.
“A cultura hip hop sempre evidenciou a necessidade de transformações sociais, tendo em vista a dignidade das pessoas. Por meio de suas expressões artísticas, o grafite, o break, o dj, o mc, e o quinto elemento (o conhecimento) —, conseguiu manter o diálogo com as grandes periferias, promovendo a união, a paz e o respeito. Algo incrível, porque antes da cultura hip hop, infelizmente a própria periferia volta e meia se colocava em guerra. O Racionais, por exemplo, como bem relatou no documentário da Netflix, foi um dos grandes promotores da paz nas periferias de São Paulo. E assim foi no Brasil todo, com diversos grupos que representam os elementos da cultura,” explicou.
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