O general Gonçalves Dias, que foi exonerado do comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nesta quarta-feira (19), prestou depoimento nesta sexta-feira (21) na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília.
Depois de quase cincho horas de depoimento, o general DIas deixou a sede da PF e conversou com a imprensa. Para o militar, trata-se de uma "oportunidade para esclarecer os fatos".
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"O Comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa", declarou Dias à Globo.
Além disso, Gonçalves Dias afirmou que confia na "investigação e na Justiça". "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro", disse.
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O depoimento de Gonçalves Dias foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a tentativa de golpe perpetrada no dia 9 de janeiro.
Novas imagens mostram que CNN manipulou vídeo de G. Dias
Novas imagens sem cortes das câmeras de segurança que mostram a ação de terroristas no Palácio do Planalto no dia 8 de Janeiro mostram que a CNN Brasil manipulou o vídeo e pode ter distorcido fatos.
Os vídeos sem edição da reportagem feita por Leandro Magalhães, ex-assessor do vice-líder do PP durante o governo Jair Bolsonaro (PL), foram divulgadas pela própria CNN que, em nota, repudiou "as insinuações do ex-ministro Gonçalves Dias sobre a reportagem que o levou à saída do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)".
As imagens, no entanto, corroboram a narrativa de G. Dias de que entrou "no Palácio depois que foi invadido e estava retirando as pessoas do terceiro e quarto pisos para que houvesse a prisão no segundo piso”.
Na entrevista à Globo, o general, que pediu a exoneração do comando do GSI após a divulgação das imagens, diz ainda que sentiu revoltado com a forma como essas imagens foram publicadas pela CNN. Na sua opinião, os vídeos foram editados e manipulados para dar a entender que ele estaria ajudando os golpistas.
“Colaram a minha imagem àquela situação momentânea que acontecia ali, colaram a minha imagem àquele major que distribuía água aos manifestantes, fizeram um corte específico na produção dos vídeos que vocês viram", disse o militar.
Novas imagens
A íntegra das três câmeras de segurança, divulgadas pela própria CNN, mostra que realmente houve uma manipulação na reportagem, divulgada em meio à pressão de parlamentares bolsonaristas para instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos terroristas no Congresso.
Nas imagens da Câmera 1, que mostram uma concentração de golpistas próximo ao gabinete presidencial - quando um deles pega um extintor e carrega para outra sala -, G. Dias surge por outro lado e caminha no local já sem manifestantes. A imagem também mostra o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira, remanescente da equipe de Augusto Heleno, que no vídeo editado aparece dando água aos bolsonaristas.
A câmera 2 mostra G. Dias andando pelas salas já sem manifestantes. O vídeo na íntegra ainda corrobora a versão do ex-chefe do GSI, que aparece retirando alguns terroistas da sala, que aparentemente descem para outro andar do palácio. Isso ocorre às 16h29.
A CNN ainda divulgou imagens entre as 16h31 e 16h42 da mesma câmera, quando espaço já está completamente evacuado. O vídeo mostra a movimentação de apenas alguns agentes do GSI e da Polícia do Planalto. G. Dias aparece rapidamente, ao fundo, novamente sozinho.
G. Dias, no entanto, pediu exoneração antes mesmo de Lula tomar uma decisão. No entanto, mais do que as imagens, o presidente teria ficado decepcionado com o subordinado por ele ter mentido sobre a existência das gravações.
Capelli assume comando do GSI
Em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira (19), Lula exonerou o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, do cargo de Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Na mesma leva, foi exonerado Ricardo José Nigri, ex-secretário Executivo do GSI.
Capelli, que atuou como interventor na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal após os atos terroristas de 8 de Janeiro terá como missão promover uma higienização do GSI, tirando do órgão todos os militares e civis remanescentes do mandato de Augusto Heleno na pasta.
G. Dias caiu por quebra de confiança, segundo o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), que revelou que havia pedido as imagens da invasão do Palácio do Planalto por terroristas, mas o militar disse que elas teriam sido danificadas.
“Houve quebra de confiança total”, disse o deputado. Dias caiu na esteira das imagens divulgadas pela CNN que mostram que o militar estava no Planalto em meio ao ataque terrorista.
Capelli ficará no comando do GSI de maneira interina, até que o governo anuncie um novo nome.
"O presidente decidiu juntamente com o afastamento do general G Dias que haverá também o afastamento do secretário executivo do GSI e será nomeado interinamente como secretário executivo do GSI, respondendo interinamente pelo GSI o senhor Ricardo Capelli. Portanto, tão logo seja publicado o diário oficial, o Ricardo vai ficar respondendo pelo GSI", disse o ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta.