O governo Lula identificou nesta quinta-feira (20) o agente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que aparece em vídeos distribuindo água para os golpistas que invadiram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
As imagens, as quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não havia tido acesso, foram vazadas e veiculadas pela CNN Brasil nesta quarta-feira (19) e, nelas, aparece também o então chefe do GSI, general Marco Edson Gonçalves Dias, demitido logo após as cenas inéditas virem à tona.
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O homem que aparece distribuindo água aos bolsonaristas que tentaram um golpe de Estado é o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira. Trata-se de um membro remanescente da equipe do GSI liderada pelo general Augusto Heleno no governo Bolsonaro. Naquele 8 de janeiro, apenas uma semana após a posse de Lula, o órgão era um dos que ainda mais contava com integrantes da gestão anterior.
Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Paula Pereira não só era membro do GSI de Bolsonaro como se tratava de uma pessoa próxima ao ex-presidente. Nomeado para o órgão em 2020, o militar integrou uma série de viagens nacionais e internacionais na comitiva presidencial. Ao todo, foram 15 deslocamentos ao lado do ex-mandatário ou com o ex-vice-presidente Hamilton Mourão.
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O major é um dos investigados no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos golpistas. Em janeiro, ele prestou depoimento à Polícia Federal e afirmou que os golpistas "romperam o bloqueio" para entrar no Palácio do Planalto. Diante da divulgação das novas imagens, ele deverá ser ouvido mais uma vez pelos investigadores, a mando do ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito.
Membros remanescentes e "limpeza" no GSI
Em comunicado oficial divulgado na quarta-feira (19) após a divulgação das novas imagens da invasão golpista, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) informou que, naquele 8 de janeiro, o GSI ainda contava com membros remanescentes da gestão Bolsonaro. O posicionamento vai de encontro ao relatado pelo servidor da Polícia Federal lotado na Presidência, fonte da Fórum, dando conta de que os agentes que aparecem nas imagens vazadas são membros da equipe que era liderada pelo antigo chefe do GSI, o general Augusto Heleno.
"A violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio", diz a nota da Secom de Lula.
"Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI", prossegue o comunicado da presidência.
Mais de 200 pessoas foram exoneradas do GSI desde o início do mandato de Lula. A possibilidade do órgão ser extinto não foi discutida na reunião que Lula teve com seus ministros e auxiliares, antes do pedido de demissão de Gonçalves Dias, mas prossegue o esvaziamento e a perda de poder da pasta lotada de militares.