Responsável por uma reviravolta na Lava Jato, o juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, afirmou que há "indícios mais do que suficientes" para abertura de uma investigação a partir das denúncias feitas em depoimento pelo advogado Rodrigo Tacla Duran e destruiu os ataques de Sergio Moro (União-PR), que classificou suas decisões como "extravagantes".
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"Por conta dessa hegemonia que existiu no passado, os protagonistas da Lava-Jato não estão habituados a um critério isonômico na aplicação da lei. O próprio filme feito na época da operação, Polícia Federal — A Lei É para Todos, acaba sendo muito mais na teoria do que na prática. Se a lei é para todos, por que o juiz teria de abafar um caso diante de indícios? Diante de um testemunho de um importante informante que conheceu a fundo todas as operações da Odebrecht?", rebateu Appio em entrevista à Veja.
Ao falar sobre Tacla Duran, o juiz afirmou que "as denúncias dele nunca foram apuradas com seriedade e isenção" e listou as diversas irregularidades de Moro no processo de perseguição ao advogado.
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"Ele foi arrolado por diversas vezes e por diversos acusados como testemunha, mas nunca teve a possibilidade de ser ouvido. Isso e outros fatores, como a fracassada tentativa de inclusão do nome dele na lista de procurados da Interpol pelo hoje senador Moro, criam um cenário de grande dúvida, um ponto de interrogação sobre por que nunca se permitiu que o Tacla Duran tenha falado nesses últimos sete anos. Nós o ouvimos, e foi a primeira vez que ele conseguiu se manifestar e trazer essas acusações perante um juiz brasileiro", disse.
Appio ainda comentou sobre fake news sobre uma suposta doação que teria feito à campanha do PT e explicou que criou a senha "LUL2022" em seu computador como "protesto individual" pela prisão ilegal do presidente por Moro.
"Não estou e nunca fui petista. Fui uma das primeiras pessoas que colaram adesivo no carro em apoio à Operação Lava-Jato, ainda em 2014. A história da doação à campanha é fake news pura e a senha LUL2022 foi criada alguns anos atrás como um protesto individual contra uma prisão que eu julgava ilegal na época e que depois o STF considerou, de fato, ilegal".