O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque vai depor na próxima terça-feira (14) à Polícia Federal sobre o escândalo das joias e aparentemente já tem uma nova versão para oferecer sobre os acontecimentos. Seu depoimento ocorreria hoje (9), mas foi adiado a pedido do depoente.
Em outubro de 2021, quando voltava da Arábia Saudita, a comitiva do Ministério de Minas e Energia, de Bento Albuquerque, trouxe dois pacotes com joias de luxo presenteadas ao então casal presidencial pelas autoridades sauditas. Um desses pacotes, destinado a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, continha joias de diamante avaliadas em R$ 16,5 milhões e acabou apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
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Já o segundo pacote - contendo relógio, abotoaduras, caneta e rosário, todos de ouro e assinados pela Chopard, uma marca francesa de itens de luxo - passou despercebido pelas autoridades e foi guardado por quase um ano no Ministério até ser entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em novembro passado.
De acordo com a coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, foi apurado que Albuquerque dirá aos investigadores que manteve o pacote de Jair sob sua tutela enquanto aguardava um desfecho em relação ao outro pacote, o de joias supostamente dadas a Michelle que estava apreendido. Substituído por Adolfo Sachsida, Albuquerque já não era mais ministro quando o pacote foi entregue.
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Albuquerque alega que após a apreensão do pacote tentou sua liberação seguindo os procedimentos previstos para que as joias fossem incorporadas ao acervo da Presidência da República. A história não fecha por duas razões: primeiro, por conta do segundo pacote que passou despercebido pelos agentes da Receita Federal e não foi comunicado pela comitiva do MME que o trazia e, em segundo lugar, porque a própria Receita negou que o governo tenha tentado enviar as joias para o acervo nacional.
Com tudo isso em vista, o novo discurso de Albuquerque parece estar pronto. Em relação às joias de Michelle, ele deve tentar desfazer algumas partes da narrativa que tem dado sobre o tema desde o último dia 3 de março, quando o escândalo foi revelado. A mudança de discurso virá justamente após o Jornal Nacional, da TV Globo, ter exibido na noite da última quarta (8) uma vídeo em que aparece em balcão da alfândega afirmando aos agentes da Receita Federal que o pacote seria de Michelle Bolsonaro.
Dada a repercussão do vídeo em paralelo às próprias falas debochadas da ex-primeira-dama de que teria sido a “última a saber” das joias, Albuquerque deve tentar enrolar os investigadores afirmando que se referiu de “forma genérica” à então primeira-dama e que, na verdade, as joias seriam um presente ao governo brasileiro. Cairá quem quiser.
Ele também deve dizer que só descobriu o conteúdo do pacote ao vê-lo sendo aberto pelos agentes em Guarulhos e que, portanto, não saberia de fato se o pacote era de Michelle. No entanto, nas imagens veiculadas pela Globo é possível ver Albuquerque afirmando com todas as letras aos agentes que “isso tudo vai entrar lá para a primeira-dama”. Em entrevista ao Estadão, afirmou o mesmo.
A defesa do ex-ministro pedirá a integra das imagens, pois acredita que se observadas em sua totalidade, as imagens demonstrarão que houve colaboração de Albuquerque com os fiscais.