O escândalo dos estojos milionários de joias enviados “de presente” pelo governo da Arábia Saudita para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que por fim acabou pegando dois deles como propriedades pessoais suas, enquanto um terceiro (e mais valioso), estimado em R$ 16,5 milhões, ficou retido na Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos, está causando o maior estrago na imagem política do líder de extrema direita desde sua ascensão meteórica no cenário nacional, ocorrida de 2018 para cá.
Desmascarado com vídeos, áudios, e-mails e documentos, que mostram que seus emissários tentaram de todas as formas resgatar o tesouro apreendido em São Paulo, inclusive usando um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pago com dinheiro público, para que os bens caríssimos do Estado brasileiro fossem “incorporados ao seu acervo pessoal”, Bolsonaro quer agora agir rápido para tentar estancar a sangria e o rombo surgidos em sua "fuselagem política" construída nos últimos anos.
Mesmo com dezenas de casos de suspeita de corrupção nas costas, há anos, assim como nas de seus filhos, o antigo ocupante do Palácio do Planalto passou muito tempo reverberando uma suposta honestidade à prova de tudo, mas viu sua narrativa derreter após as contundentes provas de que tentou se apropriar de uma verdadeira fortuna em joias que deveriam pertencer ao país. Para piorar, o Tribunal de Contas da União (TCU) já vem dando sinais de que determinará que Bolsonaro devolva as joias imediatamente, o que o colocaria numa posição ainda mais vulnerável.
Para evitar o vexame de ter que entregar os estojos com itens de ouro e diamantes nas mãos do órgão público responsável por fiscalizar a probidade dos políticos brasileiros, uma ala do séquito de bajuladores de Jair Bolsonaro sugeriu ao ex-presidente, que num primeiro momento teria concordado, que ele devolva as joias antes mesmo da ordem do TCU.
Um problema que ainda não se sabe se existe é com relação a como isso ocorreria, já que integrantes do próprio partido de Bolsonaro, o PL, acreditam que talvez esses itens de luxo estejam com o ex-mandatário nos EUA, tendo sido transportados para o exterior no avião presidencial, ainda durante o mandato, quando o então presidente praticamente fugiu do Brasil às pressas, em 30 de dezembro, para não ver a transição de poder para o atual chefe de Estado, que o derrotou, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).