O Tenente-Coronel da Polícia Militar do Distrito Jorge Henrique da Silva Pinto avisou que haveria confronto entre os golpistas e os policiais militares no dia 8 de janeiro. Mas o alerta, emitido às 14h08 daquele domingo, não foi considerado pelas autoridades de segurança do DF.
Essa afirmação foi feita pelo tenente-coronel à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF (CLDF) em oitiva nesta quinta-feira (30). No dia dos atos golpistas, ele era o coordenador de Assuntos Institucionais da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF).
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"Se as informações que o senhor repassou ao grupo tivessem sido levadas a sério e tomadas as medidas pertinentes, o caos instalado na Praça dos Três Poderes naquela tarde teria sido evitado?", questionou o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que preside a CPI.
"Muito provavelmente, mas eu não sei de que forma os decisores entenderam os meus alertas. Mais uma vez: a inteligência produz conhecimento para auxílio ao processo decisório. Quem decide não é a inteligência", respondeu o tenente-coronel.
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"Eu chego à conclusão de que aquela baderna interessava a alguém", conclui Vigilante.
O deputado distrital descreveu um dos alertas emitidos por Silva no dia 8 de janeiro, às 14h08, ao grupo de Whatsapp, o chamado Grupo Difusão, dizendo que a manifestação aumentava gradativamente em número de participantes e que a situação era alarmante e que já teria chegado ao Distrito Federal 126 ônibus e mais de 2.500 pessoas. Ele, então, questionou o tenente-coronel se foi feito alerta sobre a possibilidade de haver confronto entre os golpistas e os policiais militares.
"[Poderia haver] confronto. Confronto com as forças policiais. Eu mesmo informei. [...] Tanto no Grupo Difusão, que era endereçado ao assessoramento do secretário de Segurança Pública, quanto nos grupos da célula, que todos os analistas de todos os órgãos se faziam presentes", destacou o tenente-coronel.
Silva também informou à CPI que o Ministério da Justiça enviou à SSP-DF um documento sobre um grupo de CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) que planejava a "tomada de poder", no dia 5 de janeiro. Ele contou que o documento foi repassado pela ex-subsecretária de Inteligência Marília Ferreira Alencar à equipe de Anderson Torres, então titular da SSP-DF.
"Recebemos um único documento a respeito, oriundo do Ministério da Justiça. Alguém que integrava um grupo de WhatsApp verificou que algumas pessoas tratavam dessa 'tomada de poder', mas não havia possibilidade de se indicar que era um grupo grande, quem eram essas pessoas envolvidas e se estavam em Brasília", disse Silva.
Dados não sigilosos
Os dados não sigilosos apurados no âmbito de inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro serão compartilhados com a CPI dos Atos Antidemocráticos.
A medida é resultado do encontro entre os parlamentares que integram o colegiado e o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes nesta quarta-feira (29).
“O que puder ser compartilhado, vai ser compartilhado. O que for segredo absoluto não será compartilhado. O ministro está agindo com muito rigor e pelo que ele deixou transparecer nesta audiência ainda tem muita coisa a acontecer nos próximos dias, mais prisões, mais investigações, mais coisa vai acontecer”, comentou Vigilante.