Após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciar a sua volta ao Brasil para a próxima quinta-feira (30), autoridades da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal têm se reunido para organizar o esquema de segurança que será implementado para a sua chegada. E dado que uma série de escândalos envolvendo o ex-presidente têm vindo a público nos últimos meses, em especial os mais recentes que envolvem a apropriação irregular de joias presenteadas à Presidência da República, um dos temas que ocupam essas reuniões é justamente como seria cumprido um eventual pedido de prisão.
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De acordo com a coluna da Bela Megale, em O Globo, uma destas reuniões aconteceu na tarde desta terça-feira (28) com a presença não apenas da PF e da Segurança Pública do DF, mas também de representantes das polícias Civil e Militar, Bombeiros, Exército, Aeronáutica e da própria equipe de segurança de Bolsonaro.
Em pauta, a eventual necessidade de cumprir uma ordem de prisão contra o ex-presidente logo após sua entrada no país. A principal questão debatida teria sido o local para onde Bolsonaro seria levado. Os presentes não teriam chegado a qualquer conclusão ou consenso e decidiriam rever a polêmica quando houver, de fato, um pedido de prisão contra o ex-presidente expedido.
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Em compensação, chegaram a um acordo em outro tema: o que fazer no caso de haver manifestações contra ou a favor de Bolsonaro logo de sua chegada. Ficou decidido que neste caso o ex-presidente seria impedido de deixar o aeroporto pelo saguão principal. Para evitar que ele tenha contato direto com possíveis presentes, o líder de extrema direita seria conduzido por uma saída alternativa.
Nos EUA desde o último dia 31 de dezembro, quando se mandou do Brasil a fim de não comparecer à posse de Lula (PT), um dos maiores medos de Bolsonaro – expresso tanto em falas públicas como em contexto particular, com aliados – é ser preso logo que retornar. Ele é alvo de processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem torná-lo inelegível, além de ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Justiça comum.
Recentemente o escândalo das joias supostamente recebidas pelo governo da Arábia Saudita que tirou o sono do clã Bolsonaro ganhou um novo episódio. Apareceu um relógio, um caríssimo Rolex de ouro com diamantes, que os próprios advogados do ex-presidente confirmaram que foi surrupiado do acervo da presidência da República.
Além do Rolex, o conjunto ainda contém uma caneta da marca Chopard prateada com pedras encrustradas, um par de abotoaduras em ouro branco com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor, e um anel digno dos sheiks árabes, em ouro branco com um diamante no centro e outros ao redor. Um rosário árabe, conhecido como "masbaha", de ouro branco, e pingentes também constam no presente.
O valor total das joias ultrapassa meio milhão de reais. O conjunto de joias teria sido recebido em mãos por Bolsonaro em outubro de 2019 durante viagem a Doha, no Catar, e Riade, na Árabia Saudita. Na ocasião, Bolsonaro teve um encontro privado e amistoso com o rei saudita Salman Bin Abdulaziz Al Saud e elogiou o príncipe Mohammed bin Salman, acusado, entre outros, de mandar matar o jornalista Jamal Khashoggi. "Todo mundo gostaria de passar a tarde com um príncipe. Principalmente vocês, mulheres, né?", disse o então presidente durante o encontro.