O depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, tomado nesta segunda-feira (27) via vídeochamada pelo juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, foi acompanhado pelo procurador Walter José Mathias Júnior. Acusado de lavagem de dinheiro pela operação Lava Jato enquanto trabalhava para a Odebrecht, o advogado fez sérias acusações contra Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, com direito a entrega de fotos e gravações.
Entre as acusações, alega que o ex-juiz e o ex-procurador da operação tentaram extorqui-lo em troca de benefícios em eventual delação premiada, e que após a negativa em submeter-se à prática, passou a ser ameaçado por um outro delator e teve de responder a uma série de outros processos fora do Brasil, sobretudo na Espanha, onde vive. Duran se diz perseguido por Dallagnol e outros procuradores.
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Enquanto fazia as acusações, Tacla Duran apontou que Mathias Júnior, que acompanhava o depoimento, seria amigo de Dallagnol. O procurador confirmou a amizade no ato e justificou dizendo que não misturava assuntos relativos ao Ministério Público em encontros com Dallagnol realizados no âmbito das vidas pessoais de ambos.
Mas o procurador tem um longo histórico de defesa pública da Operação Lava Jato e suas principais figuras.
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Em dezembro do ano passado, Mathias Júnior assinou uma carta apoiando procuradores da Lava Jato que haviam sido punidos pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Na ocasião, o procurador da República Eduardo El Hage seria suspenso por 30 dias e a procuradora Gabriela Câmara, censurada. Ambos fizeram parte da extinta força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro e tiveram procedimento administrativo disciplinar aberto em outubro de 2021 pelo vazamento de informações sigilosas.
Voltando um pouco mais no tempo, em 2018 Mathias Júnior assinou ao lado de dezenas de procuradores da República, um manifesto que elogiava a indicação de Sérgio Moro, então juiz da Lava Jato, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública do então presidente eleito, Jair Bolsonaro.
“Durante sua carreira na magistratura, e especialmente nos últimos quatro anos conduzindo os processos judiciais da Lava-Jato, Sua Excelência tem demonstrado profundo e abrangente saber jurídico, sintonizado com o que há de mais moderno no enfrentamento da macrocriminalidade. Ao abrir mão das garantias e prerrogativas do cargo de Juiz para assumir o comando do Ministério da Justiça, com todas as responsabilidades e contingências institucionais e políticas, o Magistrado revela extraordinário desprendimento pessoal, em benefício do Brasil e dos interesses da sociedade. Sem dúvida, com a indicação, o Presidente eleito reafirma concretamente o seu compromisso com o combate à corrupção e à insegurança pública, que tantos males têm causado ao povo brasileiro. Por isso, congratulamos e apoiamos o Presidente eleito na sua escolha e o futuro Ministro da Justiça Sérgio Moro, augurando êxito na construção de uma sociedade pacífica, justa e solidária”, diz o texto assinado por Mathias Júnior à época.