Em entrevista incômoda a Felipe Moura Brasil e Raquel Landim, na CNN Brasil, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, revelou mais indícios de uma suposta "armação" para levar Sergio Moro (União-PR) ao centro do caso de investigação sobre o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassinar autoridades, desarticulado em uma ação da Polícia Federal na última quarta-feira (22).
Após entrar em contato com a CNN para pedir para participar de um debate entre os dois apresentados - entre eles Moura Brasil, um antigo detrator de Lula -, Pimenta afirmou que decisão da juiza Gabriela Hardt, que substituiu a titular do caso que estava em férias, foi tomada 34 minutos após a declaração do presidente que, em entrevista ao Brasil 247, disse que quando estava na cela da Superintendência pensava em "foder" o Moro.
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"O que nós questionamos - e é natural que o presidente Lula tenha feito esse questionamento - é um conjunto de coincidências que ocorreram no dia da operação e que no mínimo devem ser analisadas. A doutora Gabriela Hardt, em primeiro lugar, não era a juíza titular. Essa operação foi solicitada pela Polícia Federal no dia 13 de março. A juíza titular entrou em férias e então a doutora Gabriela Hardt entrou como a juíza do caso. Tudo bem, são coincidências que acontecem. Posteriorimente, o presidente Lula estava dando uma entrevista em que fez uma crítica ao juiz Sergio Moro. Isso foi por volta de 11h15 da manhã. Às 11h49 é o despacho da doutora Gabriela. Às 12h37 foi incluída uma eproc [sistema eletrônico que acelera a tramitação dos processos judiciais]. E a partir dessa inclusão o juiz Sergio Moro começa a dar uma série de entrevistas, fez um tuite, deu entrevistas inclusive na CNN, onde ele passou a dizer: a entrevista de Lula colocou em risco a minha vida e da minha família", afirmou Pimenta.
Em seguida, o ministro voltou a afirmar que Moro e a família sabiam da operação desde janeiro e receberam reforço na segurança.
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"Gente, o Moro sabia da investigação desde janeiro, está com escolta desde janeiro, ele e a família. Porque razão a entrevista do Lula teria colocado em risco a vida dele?", indagou.
Pimenta então explica que, no ponto de vista do governo, houve uma tentativa de "apropriação" do caso para uso político de Moro.
"O que houve foi uma apropriação de uma investigação importante, contra uma organização criminosa perigosa e que, do nosso ponto de vista, teve um desfecho na tentativa de politização, de captura de algo que é importante, que mostra um caráter republicano, de uma polícia federal que não é aparelhada, a ponto de que o Moro, mesmo sendo um adversário, teve sua vida protegida por uma PF que não é mais ferramenta de instrumento ideológico de grupo político nenhuma", disse.
Embate
A partir de então, seguiu um embate incômodo com os dois apresentadores, em especial de Moura Brasil, que insistia em imputar como "falsa" a hipótese levantada por Lula.
"Você não apresentou nenhum argumento de que era uma armação, portanto é uma alegação falsa", tentou sentenciar o jornalista, que levou uma invertida de Pimenta.
"Eu respeito o teu raciocínio e gostaria que o meu também fosse respeitado", disse Pimenta, despertando a ira do jornalista da CNN: "O senhor está sendo ouvido, mas a gente está comentando o fato".
"São diferentes narrativas a respeito de um fato. Assim como eu em nenhum momento vou atribuir para ti o que tu pensa diferente de mim que a tua opinião é uma opinião falsa, eu espero ser respeitado por minha opinião, que é diferente da tua", disse o ministro.
Após a entrevista acalorada, os dois jornalistas foram ao Twitter criticar Paulo Pimenta, que compartilhou o vídeo na íntegra.
Veja abaixo.