O presidente Lula (PT), após realizar exames no Hospital Sírio Libanês, foi diagnosticado com pneumonia leve e, por conta disso, adiou a sua viagem para a China, que seria realizada na manhã deste sábado (25).
Dessa maneira, o presidente deve embarcar para a china na manhã deste domingo (26).
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Neste momento, Lula se encontra no Palácio da Alvorada.
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De acordo com informações da assessoria do presidente, Lula realizou os exames no Hospital Sírio Libanês na noite desta quinta-feira (23).
Além do adiamento da viagem de Lula para a China, toda a agenda do presidente para esta sexta-feira (24) também foi cancelada. O mandatário está em repouso no Palácio da Alvorada, onde está sendo tratado com antibióticos e ficará sob observação. Uma nova avaliação do seu quadro de saúde deve ser feita nas próximas horas.
De avião à soja: O que esperar da terceira viagem de Lula à China?
A primeira visita de Lula como presidente brasileiro à China ocorreu em 2004, quando os dois países celebraram 30 anos de estabelecimento das relações diplomáticas e o presidente chinês era Hu Jintao. Muita coisa mudou nos dois países e no mundo.
Em 2004, o principal produto de exportação brasileiro para o mercado chinês eram os aviões a jato da Embraer. Os negócios do país asiático com a empresa brasileira começaram em meados de 2003. Naquele ano, o fabricante brasileiro iniciou a parceria com a Avic por meio da joint venture Harbin Embraer Aircraft Industry (HEAI), que ficou responsável por produzir o ERJ-145 e o Legacy 650. Durante os 13 anos em que atuou no gigante asiático, a Embraer produziu cerca de 40 aeronaves, mercado que sempre atraiu os olhos de outros fabricantes diante do grande potencial de vendas e expansão dos negócios.
Já agora, em 2023, o que mais exportamos para o mercado chinês é minério de ferro e soja. A China precisa dos recursos naturais brasileiros para o desenvolvimento e o Brasil precisa do mercado chinês para suas commodities. Um dos objetivos de Lula nesta primeira viagem para o hemisfério oriental no terceiro mandato é buscar mais equilíbrio nas relações comerciais com os chineses e reforçar os laços com Pequim e diversificar os produtos que exporta para o país. O Brasil quer vender mais itens industrializados, e não se concentrar somente em commodities.
Agenda preliminar
Na sexta-feira (17), o Ministério das Relações Exteriores brasileiro apresentou um briefing da viagem presidencial desta semana. Serão celebrados pelo menos 20 acordos comerciais, informou o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, embaixador Eduardo Paes Saboia.
Em Pequim, estão previstas reuniões de Lula com Xi, com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji. Na pauta, temas da ampla pauta bilateral, incluindo comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudança climática e paz e segurança mundial.
Saboia informou que o número de acordos bilaterais ainda pode aumentar. Há protocolos sanitários, uma série de produtos agrícolas, acordos na área de educação, cultura, finanças, indústria, ciência e tecnologia.
O combate à fome, uma das prioridades de Lula, é outra pauta importante da visita. A República Popular da China eliminou a extrema pobreza em plena pandemia da Covid-19. O Brasil voltou para o mapa da fome e tem mais de 30 milhões de pessoas com fome e outras mais de 100 milhões em insegurança alimentar. Há muitas trocas que os dois países podem promover nesse assunto.
"Um dos temas da visita é o desenvolvimento que envolve também a tecnologia, mudança do clima, transição energética e o combate à fome. É um momento em que o Brasil e a China também falam para o mundo, isso também estará nos objetivos", pontuou o embaixador Eduardo Saboia.
A comitiva presidencial será composta de parlamentares, governadores, ministros de Estado e empresários. Ao longo da visita, haverá eventos empresariais, seminários e a assinatura de atos intergovernamentais.
Agronegócio em peso na China
O Itamaraty confirmou que a delegação brasileira também vai participar, em Pequim, de um seminário com a presença de aproximadamente 200 empresários brasileiros de vários setores. Somente do agronegócio, 102 empresários de diferentes áreas deste setor estão confirmados. Entre eles, os irmãos Joesley e Wesley Batista, executivos das empresas do grupo J&F – controlador da JBS. Cada empresário pagará sua própria viagem, segundo o governo federal.
Os representantes do agro vão viajar com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que tem a previsão de ficar durante dez dias na China, de 20 a 30 deste mês. A maior parte dos empresários, 43, é do setor de carne bovina; em seguida, há 21 de carne suína e de aves; 21 multissetoriais; cinco de algodão; cinco de insumos, quatro da área de celulose; um de óleos vegetais; um de arroz e um de reciclagem animal.
Dilma no Banco do Brics
Na etapa final da viagem, no centro financeiro da China, Xangai, será realizada a posse oficial da ex-presidenta Dilma Rousseff na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o Banco do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Nesse posto, Dilma tem a chance de ampliar a inserção internacional no banco que desde 2015 teve US$ 32 bilhões em projetos aprovados e atualmente investe US$ 4 bilhões no Brasil, principalmente em rodovias e portos.
A ex-presidenta vai encarar dois desafios: impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores do Brics.
A nova presidenta do Banco dos Brics tem um papel importante a desempenhar na pauta climática. Durante a COP-27, no Egito, a instituição assumiu o compromisso de aumentar o financiamento a projetos ambientalmente sustentáveis.
A Guerra da Ucrânia é um empecilho complexo para Dilma à frente do NDB. Diante das sanções impostas pelos países ocidentais à Rússia, o banco está sendo impedido de emitir títulos no mercado financeiro da Europa e dos EUA. A saída será que ela achar caminhos para captar recursos fora do Brics.