MULHERES

Ministra Cida Gonçalves diz que cenário deixado por Bolsonaro na pasta é de pós-guerra

“A pandemia de violência contra as mulheres é permanente, cotidiana, diária”, disse a ministra da Mulher

Cida Gonçalves foi secretária nacional de combate à violência contra as mulheres durante primeiros mandatos de Lula e DilmaCréditos: Ricardo Stuckert/PR
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Entre 2018 e 2022, os casos de feminicídios aumentaram em 10,4% no Brasil. Entre 2020 e 2021, medidas protetivas, casos de violência sexual e agressão contra mulheres também aumentaram no país.

O legado do governo Bolsonaro nas políticas das mulheres foi crítico. E a missão de reconstruir esse país para as mulheres está nas mãos da ministra das Mulheres Cida Gonçalves, que concedeu entrevista exclusiva ao programa Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (20).

Seu desafio é a reconstrução. “Nós encontramos um cenário de pós-guerra. Tudo foi destruído. As políticas estavam sem condução e sem orçamento”, disse a ministra.

A gestão Damares não construiu nenhuma Casa da Mulher Brasileira e sucateou o 180, principal canal de denúncia de violência de gênero no país. 

“A questão das mulheres foi a pauta de comportamento e de valores mais afetada pelo governo anterior”, disse.

“A vida das mulheres vai melhorar”

Em contraponto às políticas de Bolsonaro, Cida revelou alguns dos projetos do governo para reduzir a disparidade de gênero no país. 

No 8 de março, seu ministério apresentou um projeto de lei para garantia da paridade salarial entre homens e mulheres, além de um pacote de investimentos na área. Mas não é só isso.

Para a ministra, o debate passa pela “possibilidade de ascensão das mulheres”. Ela defende que as políticas públicas sejam pensadas para reduzir o trabalho doméstico e o cuidado não remunerado no Brasil

“Hoje, a responsabilidade da mulher sobre o cuidado da casa, dos filhos e dos idosos ainda é muito forte. Isso é um empecilho para a ascensão no mercado de trabalho”, reiterou.

A mudança, segundo Cida, passa também pela gestão pública. “Nós precisamos construir um processo organizacional diferente nas empresas e no governo para que as mulheres possam ter ascensão no trabalho. Precisamos dividir a responsabilidade de casa. Nós precisamos construir políticas públicas com esse foco”, disse.

Entre os projetos do ministério, estão a reeducação de servidores públicos para atendimento de vítimas de violência e o monitoramento de agressores de mulheres através das patrulhas Maria da Penha. 

A ideia é diminuir os índices de feminicídio. “O Lula já deixou claro que tem como meta essa redução”, reiterou. “O feminicídio é um crime evitável”.

A parceria com a sociedade

Cida sabe que possui um difícil desafio pela frente. E entende que  precisará fazer uma parceria com sociedade no combate à misoginia.

“Queremos fazer um debate nacional sobre a misoginia e o ódio às mulheres”, explicou a ministra.

Gonçalves sabe que os altos índices de violência à mulher estão atrelados à misoginia e esse processo passa por um debate amplo com a sociedade. 

“Precisamos construir um processo no país para que a população saiba o que é misoginia, para que os misóginos recuem. Eles precisam ter vergonha”, diz.

Contudo, apesar do foco em políticas públicas, a ministra defende que a gestão só será efetiva com a participação ativa da sociedade brasileira.

“Se a sociedade brasileira não começar a tratar a violência contra a mulher como crime, vai ser difícil só o governo fazer isso. 

Contudo, Cida tem esperança: “nós vamos fazer campanhas permanentes para mudar a forma da sociedade brasileira entender homens e mulheres”.

“A vida das mulheres pode e será melhor”, garantiu a ministra.

Confira a entrevista completa de Cida Gonçalves ao Fórum Onze e Meia: