O vereador Sandro Fantinel, sob eminente rico de ser cassado e até mesmo preso após usar a tribuna da Câmara Municipal de Caxias do Sul (RS) na terça-feira (28) para atacar com xenofobia trabalhadores baianos vítimas do trabalho escravo, foi às redes sociais, nesta quinta-feira (5), para tentar se desculpar pela declaração. O bolsonarista chegou até mesmo a chorar e dizer que sua esposa está pensando em deixá-lo, numa tentativa de tentar comover a opinião pública.
Em seu discurso na terça-feira, Fantinel relativizou o escândalo dos mais de 200 trabalhadores - a maioria da Bahia - resgatados em situação análoga à escravidão em uma empresa terceirizada que oferecia mão de obra para as vinícolas Salton, Aurora e Cooperativa Garibaldi, em Bento Gonçalves (RS), e afirmou que os nordestinos, a quem ele se referiu como os "lá de cima", seriam "sujos", sugerindo que as empresas gaúchas do ramo contratem apenas argentinos.
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O caso gerou enorme repercussão e reações políticas. Nesta quinta-feira, a Câmara de Caxias do Sul aprovou por unanimidade pedidos de cassação contra o vereador e ele é alvo, ainda, de ações no Ministério Público, inclusive com pedidos de prisão.
Diante da situação, Sandro Fantinel gravou um vídeo em que aparece desesperado e afirmando que teve um "lapso mental".
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“Registro que tenho muito apreço ao povo baiano e a todos do Norte e Nordeste do país. Em um momento de lapso mental, proferi palavras que não representam o que sinto pelo povo da Bahia e do Norte/Nordeste”, declarou, dizendo ainda que está "profundamente arrependido".
Em dado momento, o vereador começa a chorar e cita até mesmo sua família. Ele disse que sua esposa está pensando em deixá-lo e que seu filho vem sofrendo ameaças: “Se as pessoas me atacassem a mim (sic), se eu pagasse pelos erros que eu cometi, a gente paga, porque quando a gente erra a gente tem que pagar. Mas o que tá acontecendo, meu povo, é que minha esposa chora noite e dia recebendo mensagens ofendendo ela com todos os pior nome que vocês pode imaginar (sic). Ela tá pensando até em me deixar”.
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Pedido de prisão
O PSOL do Rio Grande do Sul anunciou que vai entrar com um pedido de prisão do vereador no Ministério Público com base na lei 7716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
Nesta quarta-feira (1), a Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos informaram que vão entrar com uma ação civil contra o vereador. As organizações vão pedir indenização por danos morais coletivos e a condenação do parlamentar para obrigá-lo a frequentar aulas de igualdade e combate à discriminação.
Na noite desta terça-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), classificou a declaração de Fantinel como "nojenta" e disse que os nordestinos são bem vindos no estado.
"O discurso xenófobo e nojento de vereador de Caxias contra o nordeste não representa o povo do Rio Grande do Sul. Não admitiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade. Os gaúchos estão de braços abertos para todos, sempre", escreveu Leite nas redes sociais.