Estudantes se reuniram em diversas cidades do Brasil para se manifestar contra a implementação do Novo Ensino Médio nesta quarta-feira (15). Os protestos '#RevogaNEM' contam com a participação de entidades do movimento estudantil, alunos e ativistas pela educação que rejeitam a proposta que deve alterar a educação do país.
O dia 15 de março ficou marcado como a data dos primeiros grandes protestos contra Jair Bolsonaro, em 2019, quando o governo anterior anunciou cortes na área da educação.
Quatro anos e uma eleição depois, os estudantes seguem na rua em busca de suas pautas. Os protestos foram realizados em 48 cidades brasileiras, contando com a presença de milhares de pessoas.
Confira imagens de algumas das manifestações de hoje:
Hoje a aula é na rua!
— UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES ????? (@uneoficial) March 15, 2023
Em Porto Alegre, estudantes clamam pela revogação do novo Ensino Médio.#RevogaNEM #RevogaNovoEnsinoMédio
Fotos: @maiyandara pic.twitter.com/wy2JRcf246
Que lindo ver a luta dos estudantes secundaristas pela revogação do Novo Ensino Médio. A @uneoficial se soma nessa luta. É fundamental a união dos estudantes, professores e toda a sociedade em defesa do ensino médio público e de qualidade! Vem pra RUA! #RevogaNovoEnsinoMédio… https://t.co/aIYakPo64E pic.twitter.com/P52p87ZKBz
— Bruna Brelaz (@brunabrelaz) March 15, 2023
Revoga a Reforma ou paramos o Brasil. pic.twitter.com/sH34oUdFgk
— Daniel Cara - Educação e Ciência (@DanielCara) March 15, 2023
O que é o Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio ou Reforma do Ensino Médio, é um produto da Lei nº 13.415/2017, aprovada pelo governo Michel Temer. Ele altera a base curricular dos ensino médio, reduzindo a formação comum e introduzindo os "itinerários formativos".
Resumidamente, ele dará a possibilidade do aluno escolher uma área de enfoque para sua formação do Ensino Médio. Há cinco opções para os estudantes: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Formação Técnica e Profissional.
A mudança não passou por debate com professores, estudantes e profissionais de educação. Entre os problemas apontados pelos críticos, um dos mais fortes é o fim da universalidade do ensino.
As escolas não serão obrigadas a oferecer todos os itinerários, o que causará diferenças entre diferentes unidades de ensino, entre redes de ensino e entes federativos. Além disso, escolas particulares terão mais infraestrutura para adotar o novo modelo, aumentando a desigualdade social.
O professor da Faculdade de Educação da USP, Daniel Cara, afirma que os problemas já estão sendo vistos nas salas de aula. “Não vai ter médico da periferia. Há escolas nas periferias de São Paulo, das grandes capitais, que não estão oferecendo o itinerário de Ciências da Natureza”, explicou o pesquisador em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia na última terça-feira (13).
A União Nacional dos Estudantes (UNE) afirma que a falta de infraestrutura pode aumentar índices de evasão escolar. Vale ressaltar que o número de adolescentes que abandonaram a escola cresce desde 2020 por conta da pandemia de covid-19.
O atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT-CE), não sinalizou uma revogação do Novo Ensino Médio e mantém o cronograma de implementação da política sugerida durante o governo Bolsonaro. Caso o projeto não seja derrubado neste ano, ele já deve ser implementado no ENEM 2024, o que, segundo especialistas, dificultaria sua revogação.