INVESTIGAÇÃO

Wajngarten é denunciado por usar governo Bolsonaro para impedir moradias populares em São Sebastião

Em vídeo que circula pelas redes, Wajngarten debocha das políticas de habitação em reunião com moradores de um condomínio de luxo na região

Wajngarten é denunciado por usar governo Bolsonaro para impedir moradias populares em São Sebastião.Créditos: Marcelo Camargo Agência Brasil
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O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrou nesta terça-feira (28) com uma representação no Ministério Público e uma denúncia na Polícia Federal para que um inquérito seja aberto contra Fabio Wajngarten, ex-chefe de Comunicação do governo Bolsonaro. 

As ações ingressadas por Boulos pedem que Wajngarten seja investigado por crime de advocacia administrativa, que é quando se usa serviço público para a defesa de interesses particulares. 

Em vídeo que circula pelas redes sociais, é possível ver Wajngarten em uma reunião de uma associação de moradores de um condomínio de luxo na praia de Maresias, em São Sebastião, e se compromete com os presentes a interferir na construção de habitações para famílias pobres que vivam em áreas de risco na região. 

"Enquanto eu estiver em Brasília, utilizem meu contato. Eu liguei para o presidente da Caixa Econômica e ele nem estava sabendo disso", declarou o ex-ministro de Bolsonaro. 

Apenas quatro dias após a reunião, a Caixa Econômica Federal negou o financiamento para o conjunto habitacional da Faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida. Cerca de 450 casas deixaram de ser erguidas.

Três anos depois da prometida interferência feita por Wajngarten, morreram 65 pessoas no litoral norte de São Paulo, sendo que, 64 delas em São Sebastião, vítimas de deslizamentos, pois, vivam em encostas e outras áreas de risco. Além disso, mais de 2 mil pessoas estão desabrigadas. 

"Nós já sabemos que o bolsonarismo se apropria do que é público em causa própria. O que nós não sabíamos é que essa postura criminosa contribuiu inclusive para a morte de dezenas de pessoas e milhares de desabrigados no Litoral Norte", disse Guilherme Boulos. 

O deputado também afirma que, "infelizmente, não podemos recuperar as vidas perdidas nesta tragédia, mas podemos - e temos a obrigação moral - de apontar os responsáveis pelo descaso".