Desde que a tragédia dos Yanomami veio à tona, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a Funai, se incumbiu de prestar um auxílio humanitário em caráter de urgência total e destinou 4.904 cestas básicas para alimentar os habitantes daquela Terra Indígena localizada em Roraima, no extremo norte do país, distribuídos em 243 comunidades. Para fazer toda a carga de alimentos chegar ao local seria necessária a colaboração logística das Forças Armadas.
Só que o que se vê até o momento, segundo uma reportagem do site The Intercept, é uma morosidade imensa por parte dos militares, que em quase duas semanas entregaram apenas 761 cestas, ou seja, 15% do total. A matéria traz ainda imagens que mostram os alimentos empilhados num armazém da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, em Boa Vista, aguardando sua destinação final.
Te podría interesar
Em decorrência do garimpo ilegal, que invadiu e tomou terras, contaminou solos e rios e impôs violência a essa sociedade originária, a situação dos Yanomami foi ao extremo da negligência criminosa durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), resultando em desnutrição severa nos integrantes desse povo, sobretudo em crianças, mulheres e idosos. Para piorar, a comunidade enfrenta ainda um surto de malária e necessita de remédios para tratamento dos doentes.
De acordo com os números da Funai, a distribuição de cestas na região deveria ficar em 423 por dia, número ideal para se conseguir reduzir o problema da desnutrição agravada que ocorre com esses indígenas, mas os dados oficiais do Ministério da Defesa, de acordo com o The Intercept, mostram que desde 1° de janeiro deste ano foram levadas 3.828 cestas pelos militares, o que dá uma média de 85 entregas por dia, quantidade muito inferior à necessária. Para ser mais preciso, 80% menos do que o objetivo.
Te podría interesar
O pedido de ajuda da Funai foi feito ao almirante Renato Rodrigues de Aguiar Freire, que é o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, e segundo a presidenta do órgão, Joenia Wapichana, foi necessário porque o contrato que a Funai tem com a única empresa aérea que opera naquela área remota “não contempla a necessidade de voos para o atendimento diligente desse momento emergencial”.