HERANÇA BOLSONARISTA

Governadores querem compensar rombo financeiro criado por mudanças do ICMS às vésperas das eleições

Medida adotada pelo governo Bolsonaro reduziu arrecadação do imposto sobre combustíveis, energia elétrica, serviços de comunicação e transporte público de estados e do DF; prejuízo chega a R$ 45 bilhões

Créditos: Pedro Gontijo/Senado Federal - Grupo de governadores e governadoras se reúne com presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
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Um grupo de governadores e governadoras se reuniu com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para construir um acordo de compensação financeira aos estados e ao Distrito Federal em razão de mudanças na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS). A ideia dos gestores é que um texto seja apresentado nos próximos dias e seja votado já no próximo mês.

Chefes do Executivo de cinco unidades da Federação participaram do encontro: Amazonas, Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Piauí, Goiás, além do vice-governador de Tocantins. Em pauta, a busca de um pacto com o governo federal sobre regras do ICMS que incidem em combustíveis, energia elétrica, serviços de comunicação e transporte público. 

Pacheco usou as redes sociais para divulgar a reunião com o grupo de governadores e governadoras. Ele destacou que o Senado acompanha de perto as tratativas dos governadores e governadoras para chegar a um acordo.

Medida eleitoreira

As normas foram alteradas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) em junho do ano passado, às vésperas do período da campanha eleitoral de 2022, pelas Leis Complementares 192 e 194, o que gerou perdas na arrecadação dos estados e do DF ao fixar em 17% ou 18%, a depender da unidade da Federação, a alíquota máxima do tributo. O objetivo era baixar os preços, sobretudo da gasolina, às vésperas das eleições. O tema acabou sendo levado ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

Na ocasião, o então presidente da República vetou a compensação aos estados e DF para manter os mesmos valores de gastos com saúde e educação de antes da sanção. Também foi vetada a contratação de empréstimo para estados que já tivessem a alíquota prevista na nova lei.

Rombo de 45 bi

Agora, o impasse atual gira em torno do valor que será compensado. As contas dos estados e do DF apontam necessidade de reposição de R$ 45 bilhões. Na última semana, em reunião com o Tesouro, a União acenou com R$ 22 bilhões. Essas tratativas entre os estados e o Ministério da Fazenda ainda estão em andamento. Paralelamente, eles ampliaram o corpo a corpo com outros poderes.

O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), que é coordenador do grupo de trabalho para debater a proposta legislativa, afirmou que o tema é complexo, principalmente porque a proposta foi judicializada. 

“Esse acordo não sairá se não for confirmado pelo Poder Judiciário, pelo Poder Legislativo, pela União e pelos governadores. E é por isso que é algo complexo”, destacou. “É demorado, e vamos resolver até o mês de março. Em breve o texto vai estar pronto”, afirmou Fonteles.

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), disse que a reforma tributária é uma pauta que precisa avançar, mas é necessário resolver a situação em que os estados vivem em razão da perda de receitas.

“Precisamos agora, neste primeiro semestre, de medidas que possam mitigar o impacto que os estados vêm tendo em decorrência da perda de receitas. Estamos buscando esse acordo aqui de uma forma saudável, nós estamos em diálogo com todos os Poderes, com o ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad já avançou, o Judiciário também e agora a participação fundamental do Legislativo, e nós saímos aqui muito confiantes que vamos avançar”, disse Fátima Bezerra.

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), afirmou que o acordo que está sendo construído leva em consideração a preocupação dos estados de não repassar qualquer tipo de aumento para a população. “O consumidor vai ser poupado de qualquer novo gasto”, disse.

Também participaram da reunião os governadores do Amazonas, Wilson Lima, e de Goiás, Ronaldo Caiado, além do vice-governador do Tocantins, Laurez Moreira.

Com informações da Agência Câmara de Notícias