COMO É?

Michelle entra em contradição sobre moedas do Alvorada e tenta empurrar morte de carpas para Lula

Ex-primeira-dama errou a data da entrega da doação das moedas e afirmou que a limpeza solicitada no espelho d’água foi feita “muito depois da nossa saída da residência”

Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama.Michelle Bolsonaro entra em contradição sobre moedas do Alvorada e tenta empurrar morte de carpas para Lula e JanjaCréditos: Wilson Dias/Agência Brasil
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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro entrou em contradição sobre doação das moedas atiradas por turistas no espelho d’água do Palácio do Alvorada. Em outra declaração, aproveitou para eximir a si própria e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da culpa pela morte das carpas que viviam no local.

O valor arrecadado após a limpeza do espelho d’água foi enviado para uma casa de acolhimento de Brasília, chamada Vila do Pequenino Jesus. Segundo Michelle, a doação teria sido feita em 8 de janeiro, mesma data dos ataques bolsonaristas a Brasília. Mas uma apuração do portal Metrópoles, divulgada neste sábado (11), mostrou que na verdade o valor só chegou ao destino na última terça-feira (7).

O site obteve com exclusividade relatos de pessoas que vivem e trabalham no local. Segundo a apuração, as moedas chegaram à ONG no último dia 7 de fevereiro, data em que um dos gestores da organização religiosa, Jorge Eduardo Deister, gravou um vídeo de agradecimentos a ex-primeira-dama.

“Vi um carro chegando com as moedas, o coordenador tirou, colocou na mesa, gravou o vídeo e depois guardou”, relatou uma das fontes, que garantiu ter testemunhado o episódio na última terça-feira (7). No dia seguinte, Michelle publicou nas suas redes sociais um recibo da mesma instituição datado de 8 de janeiro, ou seja, de um mês antes da doação chegar, no valor de R$2.213,55. Junto com o recibo, a ex-primeira-dama também publicou o vídeo de Deister.

Em outra contradição da história mal contada, um vídeo divulgado nos stories da ex-primeira-dama no Instagram trouxe um homem identificado como Jorginho agradecendo Michelle pela doação de R$ 2.281,00 para a instituição que abrigaria 84 pessoas especiais.

Michelle afirmou que a limpeza do espelho d’água do Palácio do Alvorada foi solicitada em 30 de dezembro, momentos antes em que ela e o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro, deixaram a residência oficial para se refugiarem nos EUA. “Expressei o desejo de que, se fosse possível, quando realizassem a limpeza do local, as moedas que repousavam no fundo fossem recolhidas e doadas a uma instituição de caridade que cuida de mais de 80 pessoas”, escreveu nas redes sociais. A ex-primeira-dama também afirmou que a limpeza solicitada no espelho d’água, que deixou um rastro de carpas mortas, teria sido feita entre 2 e 7 de janeiro. “Muito depois da nossa saída da residência”, ressaltou.

Curiosamente, a declaração em que tenta eximir-se da autoria da morte das carpas do espelho d’água veio a público na mesma semana em que a deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) representou o casal Bolsonaro junto à Procuradoria-Geral da República por maus-tratos às emas e carpas do Alvorada. O objetivo da parlamentar é que sejam abertos inquéritos contra os representados: um inquérito policial para apurar possível crime ambiental de maus-tratos aos animais, e outro civil para apurar acusação de improbidade administrativa.

“Conforme relatado pelo atual governo, o responsável pela limpeza do espelho d’água teria ordenado a retirada integral da água para recolhimento das moedas e o transporte dos peixes, ocasionando na morte de quase todas as carpas, já que de setenta, apenas dez restaram vivas. As moedas recolhidas do patrimônio público foram destinadas a uma entidade filantrópica sem qualquer procedimento formal do ato, como admitido pela própria representada”, diz trecho da ação.

*Com informações do Metrópoles.