UNIÃO E RECONSTRUÇÃO

Vídeo: Campanha do Bolsa Família também mostra o Brasil se reconciliando

Clipe reforça slogan "União e Reconstrução" do governo federal; Lula retomou programa que foi destruído no governo Bolsonaro

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Um vídeo do Bolsa Família reforçou o slogan "Brasil União e Reconstrução", do governo federal. Compartilhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na manhã desta quarta-feira (20), a campanha mostra a reconciliação da população brasileira entre beneficiários do programa de transferência de renda.

O presidente publicou a mídia nas suas redes sociais com a seguinte legenda: "Quando o povo se une, coisas boas acontecem. O Bolsa Família voltou e está mais forte do que nunca, garantindo dignidade e comida na mesa para milhões de brasileiros e suas famílias".

 

No vídeo, duas mulheres se encaram em um mercado, com nítida antipatia. Uma delas é apresentada como mãe de uma criança, que lhe pede para comprar leite em pó, ao que ela responde: "Não dá, filho", e devolve o produto de volta na prateleira.

A outra mulher presencia a cena e, enquanto a mãe passa as compras no caixa, ela entrega a lata de leite em pó para a operadora e indica que o produto é para a criança. Confusa, a mãe sorri para a mulher, que explica: "Fica tranquila, meu benefício caiu hoje na conta", e mostra o cartão do Bolsa Família.

"Querer o melhor para os nossos filhos. É isso que nos une."

Em seu pronunciamento à Nação na posse presidencial, no dia 1 de janeiro, Lula garantiu que governaria para os 215 milhões de brasileiros, e não apenas para os seus eleitores: "Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado".

"Não existem dois brasis. Somos um único país, uma grande nação."

O presidente também defendeu o fim do discurso de ódio e o início de um período para reatar laços com amigos e familiares: "Chega de ódio, fake news, armas e bombas. O nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz", declarou.

O Bolsa Família

Instituído no primeiro mandato de Lula como Medida Provisória (MP) nº 132/03, o Bolsa Família foi convertido na Lei nº 10.836 no ano seguinte com finalidade de unificação do gerenciamento e execução dos programas do governo federal na época:

  • Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação (Bolsa Escola): em vigor a partir de abril de 2001, tinha objetivo de pagar um valor mensal em dinheiro conforme condicionalidade de matrícula e frequência em escolas de jovens e crianças de baixa renda;
  • Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde (Bolsa Alimentação): instituído como MP em 2001 com o objetivo de complementação da renda familiar para melhoria da alimentação e a promoção da melhoria das condições de saúde e nutrição de famílias de baixa renda;
  • Programa Nacional de Acesso à Alimentação (PNAA): criado pela Lei nº 10.689/03 e voltado para ações dirigidas ao combate à fome e à promoção da segurança alimentar e nutricional, em consonância como Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea);
  • Programa Auxílio-Gás: subsídio do preço do gás às famílias de baixa renda cadastrada no CadÚnico, Bolsa Escola ou Bolsa Alimentação a partir do Decreto nº 4.102/02;
  • Cadastramento Único do Governo Federal (CadÚnico): instrumento criado em 2001 para o cadastro em concessões de programas e ações de benefícios sociais.

A medida provisória tem seu registro em 20 de outubro de 2003. Em seguida, o texto passou por Comissão Mista, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Por fim, foi enviada para sanção do presidente no cargo, Lula, que publicou a MP como lei no Diário Oficial da União data de 12 de janeiro de 2004.

Art. 1º - Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.

Destruição no Governo Bolsonaro

Em junho de 2020, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes anunciou que o governo federal pretendia alterar o nome do Bolsa Família para "Renda Brasil", na tentativa de associar o benefício ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Crítico do Bolsa Família, Bolsonaro sugeriu acabar com os programas Farmácia Popular e Seguro-Defesa para implementar o "Renda Brasil".

Na época, 81,5% da população brasileira estava a favor da manutenção do Bolsa Família, conforme a 5ª Pesquisa Fórum, que registou a opinião de mais de mil pessoas em agosto de 2020. A aprovação predomina naqueles que ganham entre dois e três salários mínimos (87,9%), de faixa etária entre 45 e 59 anos (87,9%) e moradores da região Norte (89,6%).

Para substituir o programa, o governo Bolsonaro criou o "Auxílio Brasil" em novembro de 2021, com valor mínimo fixado em R$ 400. Mais de 30 milhões de famílias estavam registradas no CadÚnico quando o Ministério da Cidadania alterou a concessão dos benefícios. 

O fim do PBF foi acompanhado do fim do Auxílio Emergencial, que provia R$ 220 às famílias no estado de calamidade. De acordo com o Ministério da Cidadania, em novembro de 2021, cerca de 20 milhões de pessoas que receberam o Auxílio Emergencial não poderiam se inscrever no Auxílio Brasil e ficariam sem renda.

Semanas antes, o deputado federal e ex-ministro Patrus Ananias (PT-MG), responsável pela implantação do Bolsa Família em 2003, durante o governo Lula, havia declarado no programa Fórum Onze e Meia durante entrevista em setembro de 2021, que o novo Bolsa Família do presidente Jair Bolsonaro (PL) “é uma farsa”.

"É uma farsa completa. Temos que primeiro falar sobre o Bolsa Família, que é uma experiência exitosa. Nós integramos o programa com outras políticas públicas, respeitando as características de cada uma para promover a vida, o bem comum, o desenvolvimento com justiça e inclusão social".

Em março de 2023, Lula decretou a retomada do Programa Bolsa Família em substituição ao Auxílio Brasil na MP nº 1.164/23, no valor mínimo de R$ 600 e adicional por criança de R$ 150. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados em 30 de maio e no Senado Federal em 1 de junho.

O retorno do PBF

O Bolsa Família completou 20 anos em outubro de 2023. Coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome (MDS), o programa atende cerca de 21,2 milhões de famílias mensalmente e é considerado o mais bem avaliado do governo Lula.

A assessoria de comunicação do MDS notificou em abril que o programa recebe investimento mensal de R$ 14 bilhões do governo federal. O tíquete médio do Bolsa Família atingiu seu maior patamar no mês, com valor de R$ 670,49.

Confira o número de beneficiários por região:

  • Centro-Oeste: 1,12 milhão;
  • Nordeste: 9,73 milhões;
  • Norte: 2,59 milhões;
  • Sudeste: 6,31 milhões;
  • Sul: 1,42 milhão.

Desde sua implementação, as estatísticas exibem o sucesso do programa. Publicada em abril de 2022, uma pesquisa realizada pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) revelou que apenas 1 em cada 5 filhos da primeira geração de beneficiários do programa ainda recebia o Bolsa Família 14 anos depois. Ou seja, 80% da geração seguinte não dependia mais da transferência de renda.

Outro levantamento do IMDS, de setembro de 2023, mostra que mais de 64% das crianças e dos adolescentes que recebiam o Bolsa Família em 2005 deixaram o Cadastro Único até 2019, número equivalente a 7,45 milhões de jovens.

"Os resultados mostram que no ano de 2019, 20% desses dependentes do PBF em 2005, então com idade entre 21 e 30 anos, permaneciam como beneficiários do programa, enquanto 64% encontravam-se fora do Cadastro Único. Da mesma forma, 45% deles acessaram o mercado formal de trabalho ao menos uma vez entre os anos de 2015 e 2019. Esses resultados são indicativos de uma relativa mobilidade social na base da distribuição de renda do Brasil para os beneficiários do PBF [Programa Bolsa Família]", diz o documento. 

O destaque da atuação do programa é a região Nordeste, conforme o documento. "Os resultados sugerem grandes diferenças entre as regiões do Brasil, sendo a região Nordeste a que apresenta menor indicativo de mobilidade", conclui a pesquisa Uma análise da primeira geração de beneficiários do Programa Bolsa Família.

"Em consonância, observamos que melhores estruturas de saúde e educação são importantes fatores para maior mobilidade social dos indivíduos nos municípios."

Em setembro, o Ministério das Cidades determinou que os beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BCP) não terão mais que pagar as prestações do programa Minha Casa, Minha Vida. São quase 27 milhões de pessoas beneficiadas pela medida – 21,1 milhões do Bolsa Família e 5,4 milhões do BCP.