Ressentido após ter sido abandonado pelo clã Bolsonaro, o ex-assessor e pivô do caso do esquema de corrupção das "rachadinhas" Fabrício Queiroz deu entrevista à Veja em um restaurante do Rio de Janeiro e mandou um recado a Jair Bolsonaro (PL) em tom de ameaça: "o castigo vem a cavalo".
Demonstrando estar com seu pote cheio de mágoas, Queiroz se mostrou ressentido pela falta de apoio - e do voto de Bolsonaro - na sua candidatura a deputado estadual no ano passado, quando obteve 6.701 votos.
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“O Jair não votou em mim no ano passado. Devia ter outros candidatos melhores do que eu", disse, resignado, para em seguida emendar uma alfinetada.
“Ele mesmo (Bolsonaro) sempre me falava isso: ‘No dia em que eu deixar de ser eleito é porque apareceu outro melhor’. Então Lula é melhor do que ele, porque foi eleito”, seguiu.
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Reclamando de "migalhas" dadas por Bolsonaro em áudios enviados a Alexandre Santini, ex-sócio de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na loja de chocolates, Queiroz contou que o senador foi o último que teve contato do clã, "no ano passado, na época em que eu queria ser candidato a deputado".
"Queria muito o apoio deles para poder ganhar a eleição, mas não forcei a barra", lamentou o pivô das rachadinhas, ressaltando que acredita que Bolsonaro se arrependeu de ter sido presidente.
"Se o Jair acenasse para mim com alguma coisa, com certeza eu seria deputado estadual hoje. Agora, eles seguem a vida deles lá, estão numa fogueira danada. Pelo que conheço, acho que o Jair se arrepende de ter sido presidente. Só está tomando porrada, todos da família estão expostos. E o sistema voltou", disse, sobre a volta de Lula à Presidência.
Queiroz diz ainda que não procurou Bolsonaro desde que estourou o escândalo das "rachadinhas". "Jair mesmo tinha dito que, enquanto eu não esclarecesse tudo, iria cortar relações. Então, eu não o procurei mais. Nem vice-versa. Muita gente me diz que eles foram ingratos comigo".
O ex-assessor, no entanto, mostra que a fidelidade aos patrões chegou ao fim e que não vai mais se "sacrificar" pelos Bolsonaro.
"A família dele não é melhor que a minha para ele sacrificar a minha família e a dele ficar bem. Porque a dele está bem. Na dele, todos são políticos, todos ganham bem. Vou segurar a viola deles para a minha se ferrar? Jamais".
Embora diga que não tenha nada a dizer para "extorquir e chantagear" Jair Bolsonaro, Queiroz reclama, como fez nos áudios vazados pelo ex-sócio de Flávio, de ter sido abandonado pelo clã. E manda o recado em tom de ameaça.
"Bolsonaro foi presidente da República. Poderia arrumar algum lugar para eu trabalhar. Já hospedei em casa o Jair Renan, a filha da Michelle… Mesmo assim, nunca tive aceno deles. Até mesmo se eu fosse bandido, não deveriam me abandonar. Mas não tem mágoa com a família nesse sentido. Mas a gente vê o que acontece quando tem ingratidão. O castigo vem a cavalo", conclui.