A Polícia Federal recebeu informações de órgãos de inteligência de Israel e dos EUA para desencadear a operação Trapiche, que prendeu dois homens supostamente ligados ao grupo armado libanês Hezbollah.
Além dos dois supostos membros do grupos presos no Brasil, a PF teria acionado a Interpol para efetuar as prisões de mais dois brasileiros que têm dupla nacionalidade e estariam no Líbano.
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Em nota no site, a PF afirma que além das duas prisões, estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Subseção Judiciária de Belo Horizonte, nos estados de Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.
Os dois presos são brasileiros. Um deles foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando chegava de uma viagem do Líbano. O outro foi preso na capital paulista, quando chegava de Santa Catarina.
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O delegado da divisão antiterrorismo da PF, responsável pela investigação, está a caminho de São Paulo onde deve ouvir os dois homens presos.
Segundo a investigação, os presos estariam planejando atentados contra a comunidade judaica no Brasil, incluindo sinagogas.
O caso chama a atenção pelo fato de o Brasil abrigar a maior comunidade de libaneses e descendentes que vivem fora do país. Segundo o IBGE, vivem no Brasil entre 7 milhões e 10 milhões de pessoas com origem no Líbano.
Na rede X, o advogado e diretor do Instituto Humanidade, Direitos e Democracia (IHUDD), Hugo Albuquerque afirmou que "faz pouco ou nenhum sentido" a história apresentada pela PF para desencadear as operações.
"Essa história do Hezbollah no Brasil faz pouco ou nenhum sentido. O Brasil tem pouquíssimos muçulmanos xiitas. Só tem uma mesquita xiita importante. E por que diabos alguém faria um atentado no Brasil, um país que tem relações ancestrais com o Líbano? Toda cara de bandeira falsa", alertou Albuquerque.
No dia 11 de outubro, já em meio aos ataques de Israel no território palestino de Gaza, a general Laura Richardso, do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, citou o Brasil duas vezes ao falar das "intenções malignas" de inimigos dos EUA.
“As atividades do Hezbollah (na América Latina) obviamente são uma preocupação”, afirmou.
“Estamos vendo uma tendência de aumento de ações na região também por parte de nossos concorrentes estratégicos e, novamente, é muito preocupante, porque acho que a região está insegura e instável e nós podemos fazer melhor neste momento vulnerável para nós mantermos fora concorrentes estratégicos, que têm intenções malignas”, emendou a militar estadunidense após falar das viagens de Serguei Lavrov, ministro das relações exteriores da Rússia, por Nicarágua, Venezuela e Cuba, em abril.
“Mas, depois (Lavrov), também (foi) pelo Brasil para reuniões; e o presidente iraniano veio ao hemisfério, em junho”, lembrou.
Ilações
Pouco tempo depois da divulgação da operação da PF, bolsonaristas da extrema-direita fascista brasileira, que apoiam o governo sionista de Israel foram às redes tirar proveito político da operação.
Em série de publicações na rede X, Carla Zambelli fez ilações e especulou: "Seria este o real motivo da GLO nos portos e aeroportos de SP e RJ? O governo federal já tinha indícios de planos terroristas no Brasil? A pergunta mais importante: se tinha, por qual motivo não foi expedido um alerta de segurança para as comunidades judaicas?".
Em seguida, a deputada afirmou que vai protocolar pedidos para ouvir os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio Monteiro, sobre o caso.