DE PRONTIDÃO

Com dois porta-aviões, EUA tentam dissuadir Hezbollah

Está claro que o projeto de Israel de mudar o mapa do Oriente Médio tem apoio de Washington

Em pé de guerra.EUA mandam recado ao Irã, com dois porta-aviões despachados para dar cobertura a IsraelCréditos: Foto Wikipedia
Escrito en GLOBAL el

O envio de uma segunda esquadra dos Estados Unidos ao Mediterrâneo, comandada pelo porta aviões Eisenhower, demonstra que Washington está disposta a entrar diretamente na guerra se o Hezzbolah atacar Israel com força total a partir do Líbano.

Nas últimas horas, alegando responder a um ataque anterior de Israel, o Hezzbolah disparou contra território israelense, matando uma pessoa.

Tel Aviv criou uma faixa de 4 quilômetros na fronteira, que considera zona militar, se preparando para qualquer incursão terrestre.

Por enquanto, as escaramuças estão dentro dos parâmetros que se tornaram comuns na região.

Patrocinador do Hezzbolah, o Irã se pronuncia de forma dúbia sobre o conflito entre o Hamas e Israel.

Por um lado, o aiatolá Seyyed Ali Khamenei, que paira sobre as instituições iranianas, declarou que o 7 de outubro vai levar a uma "vitória completa" contra Israel.

O Irã despachou seu ministro das Relações Exteriores para um périplo que incluiu visitas a Bagdá, Damasco, Beirute e Doha.

Na capital libanesa, encontrou-se com secretário-geral do Hezbollah, Sayid Hassan Nasrallah.

Depois do encontro, afirmou:

Hoje, os líderes dos grupos de resistência tem coesão. Todo mundo desenhou cenários e a mão de todo mundo está no gatilho. Em caso de procrastinação por parte da comunidade internacional e das Nações Unidas e dos ativistas que apoiam o regime sionista, o eixo de resistência responderá no momento apropriado.

Por outro lado, o Irã nega veementemente que tenha dado apoio ao ataque do Hamas.

O jornal Tehran Times, porta-voz do governo, atacou um artigo publicado no diário estadunidense Wall Street Journal, com o título: O imperativo para a América no Oriente Médio: conter o Irã.

De acordo com o jornal iraniano, Washington frustrou-se com o congelamento da retomada de relações diplomáticas entre Israel e a Arábia Saudita, resultado do ataque do Hamas.

Na versão do jornal:

A Casa Branca contou demasiado com Tel Aviv e Riad, esperando que a Arábia Saudita aderisse aos Acordos de Abraham e deixasse a causa palestina ser gradualmente esquecida. Nem as pesadas despesas dos EUA nem o seu aliado mais próximo, Israel, conseguiram estender as mãos da Casa Branca na região. Os Acordos de Abraham são acordos bilaterais sobre a normalização árabe-israelense assinados entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein em 15 de setembro de 2020.

Recentemente, com mediação da China, Irã e Arábia Saudita retomaram relações diplomáticas.

Os líderes dos dois paises conversaram pela primeira vez por telefone depois do ataque do Hamas.

Com a colocação de um segundo porta-aviões nas proximidades do conflito, os Estados Unidos sinalizam que estão preparados para defender Israel.

O Einsenhower é acompanhado pelo cruzador Philippine Sea e pelos destróiers Laboon, Mason e Gravely.

Ele se junta ao USS Ford, que está acompanhado pelo cruzador Normandy e pelos destróiers Thomas Hudner, Ramage, Carney e Roosevelt.

São dois territórios estadunidenses flutuando nas proximidades de Gaza.

A estimativa é de que o Hezbollah dispõe de cerca de 100 mil homens. Uma parte razoável deles tem experiência de combate contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Os foguetes e mísseis do Hezbollah. Reprodução 

Um estudo do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos sustenta que o Hezbollah é o mais importante ator militar não estatal do planeta.

O Hezbollah adquiriu um conjunto diversificado de foguetes e mísseis. [...] Apesar dos esforços de interdição de Israel, manteve uma força impressionante e considerável. [...] Com um arsenal que proporciona aplicações de ataque terrestre, antinavio, antitanque e antiaéreo, útil para disparos de retaliação rápidos, dissuasão geral e operações militares, é pouco provável que o Hezbollah altere a sua estratégia de investimento.

Apesar da retórica de guerra, é comum nas crises do Oriente Médio que o discurso não acompanhe ações militares, mas um jogo de bastidores em busca de vantagens em uma saída diplomática.

Por enquanto, o ataque do Hamas a Israel feriu de morte a estratégia de Israel de "normalizar" relações com o mundo árabe deixando em segundo plano a causa palestina.