A jornalista Renata Lo Prete tem sido duramente criticada em suas redes sociais por conta de uma reportagem que fez no Jornal da Globo sobre as taxas de natalidade na região de Gaza.
A âncora tentou dar uma justificativa para os ataques israelenses na Palestina que mataram mais de 3,5 mil crianças até o dia de hoje: segundo Lo Prete, a resposta está na demografia árabe. Por conta da alta taxa de natalidade, os ataques israelenses acabam matando mais crianças.
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O professor de sociologia do crime e mercados Ilegais transnacionais Gabriel Feltran fez uma thread no X, antigo Twitter, e revelou porque estatisticamente esse dado não confere.
“Eu adoro demografia, ela explica muita coisa. Mas não conflito armado”, afirma o especialista. "Porque essa explicação estrutural faz sumirem os atores do conflito armado. A intencionalidade e ação estratégica do ator. E, como sabemos, conflito armado é o lugar por excelência da estratégia. Mísseis têm GPS. As guerras podem ser cirúrgicas, pelo menos desde os anos 90”, completa o pesquisador.
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Ele reforça que a maioria da população brasileira não é composta de homens negros e jovens, mas eles são os que mais morrem por conta dos conflitos de organizações criminosas. Ou seja: a violência dirigida do estado tem alvo específico e não é generalizada contra toda a população.
Portanto, Israel poderia estar atacando Gaza militarmente sem cometer um genocídio. “É preciso saber que nesse conflito, os mandantes da guerra em Israel estão matando crianças intencionalmente. Estrategicamente. Não à toa cogitaram arma nuclear”, completa Feltran.
Confira:
O preconceito contra as mulheres árabes por conta da alta taxa de natalidade em Gaza é reforçado pelos israelenses a todo momento, tentando pintá-los como “selvagens” e “animais”.
Muitos argumentam, porém, que a fala de Lo Prete foi distorcida e tirada do contexto. Na mesma reportagem, Lo Prete condena os ataques contra crianças na Faixa de Gaza.
A fala da jornalista foi considerada eugenista pela Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL). "Esse argumento é usado por sionistas para negar o genocídio e a limpeza étnica. 'Se houve limpeza étnica, por que a população cresceu?'", indaga a federação.