Um mês após o assassinato brutal do irmão Diego Ralf Bomfim, que foi morto por milicianos supostamente por engano junto com os também médicos Marcos Andrade de Castro e Perseu Ribeiro Almeida no Rio de Janeiro, a deputada federal Sâmia Bomfim divulgou uma carta emocionada neste domingo (5).
De licença médica desde a morte de Diego, Sâmia diz que ainda não sabe como vai voltar a "tocar a vida" e o mandato na Câmara Federal.
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"Ainda dói muito, choramos todos os dias, toda hora. Esses estão sendo os dias mais difíceis da minha vida. Estou em licença saúde, tentando cuidar da minha saúde mental, dos meus pais, minha irmã. Cuidando do meu filho. Ainda não sei como vou voltar a tocar a vida, o mandato, como voltar a dar sentido a tudo", diz a deputada, que afirma tentar se fortalecer no amor.
A deputada ainda faz uma revelação, de que sabe de coisas ainda não divulgadas sobre a investigação e os desdobramentos do crime.
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"Há muitas coisas sobre o que aconteceu, sobre a investigação, os desdobramentos, as providências, as sucessivas violências, que nunca expus. Um dia o farei", afirma Sâmia.
Para a deputada, o Brasil tem um "trauma social muito grande diante da falência do sistema de segurança pública" que tem apenas mais um episódio no assassinato contra os três médicos.
"Este crime bárbaro no Rio é um marco chocante dessa nova etapa do caos de violência que acomete o Rio. Mas, pra minha família, ser racional diante dos fatos é muito difícil. Para nós é dor, saudade, tristeza, revolta. São muitos sonhos interrompidos, muita injustiça. É, acima de tudo, a perda precoce de uma pessoa maravilhosa, de quem tive o privilégio de ser irmã".
Por fim, a deputada diz que se lembra da última vez que viu Diego e que guarda o último áudio enviado pelo irmão.
"Me lembro da última vez que nos vimos. Ele tinha voltado de viagem e passou em casa tarde da noite para ver meu filho e confidenciar preocupações. Também tenho gravado o último áudio que me mandou: são dicas de cuidados com meu filho, que estava doente. Obrigada por tudo, Du", diz a parlamentar, que restringiu os comentários na publicação.
Leia a carta na íntegra:
Há um mês meu irmão foi assassinado na Barra da Tijuca, junto a outros 2 amigos médicos. Daniel, o único sobrevivente, está se recuperando, depois de diversas cirurgias. Ainda doi muito, choramos todos os dias, toda hora. Esses estão sendo os dias mais difíceis da minha vida.
Estou em licença saúde, tentando cuidar da minha saúde mental, dos meus pais, minha irmã. Cuidando do meu filho. Ainda não sei como vou voltar a tocar a vida, o mandato, como voltar a dar sentido a tudo. Sei que o tempo é o senhor da razão e respiro fundo, me fortaleço no amor. Agradeço imensamente a tantas mensagens diárias de carinho e compreensão, pois elas realmente fazem muita diferença nesse momento.
Há muitas coisas sobre o que aconteceu, sobre a investigação, os desdobramentos, as providências, as sucessivas violências, que nunca expus. Um dia o farei. O Brasil tem um trauma social muito grande diante da falência do sistema de segurança pública, de crimes bárbaros sem resolução, das instituições que, ao invés de serem solução, são parte do problema. Para fora este crime bárbaro no Rio é um marco chocante dessa nova etapa do caos de violência que acomete o Rio. Mas, pra minha família, ser racional diante dos fatos é muito difícil. Para nós é dor, saudade, tristeza, revolta. São muitos sonhos interrompidos, muita injustiça. É, acima de tudo, a perda precoce de uma pessoa maravilhosa, de quem tive o privilégio de ser irmã.
Me lembro da última vez que nos vimos. Ele tinha voltado de viagem e passou em casa tarde da noite para ver meu filho e confidenciar preocupações. Também tenho gravado o último áudio que me mandou: são dicas de cuidados com meu filho, que estava doente. Obrigada por tudo, Du.
(Vou restringir os comentários nesse post por respeito à memória do meu irmão).