PALÁCIO DA ALVORADA

Janja revela desejo sobre atuação no governo e fala de machismo no entorno de Lula

Primeira-dama citou Michelle Obama como "inspiração" na política e diz que já fez cobranças "um pouco fortes" a Lula sobre participação de mulheres no governo.

Lula e Janja.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
Escrito en POLÍTICA el

Com cliques do tarimbado fotógrafo Bob Wolfenson, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, deu uma longa entrevista à Jeniffer Gularte no Palácio da Alvorada que foi capa da edição da revista Ela, do jornal O Globo, neste domingo (5). Entre os temas, a primeira-dama revelou um desejo sobre a atuação no governo, a relação com Lula e o machismo no entorno do presidente.

Janja, que citou Michelle Obama como principal "inspiração" na política, afirmou que gostaria de ter um gabinete ao lado do ocupado por Lula no Palácio do Planalto ao falar das críticas por "se meter em política" mesmo não tendo sido eleita.

"Quem faz essa crítica não enxerga o mundo em que a gente vive hoje. Vou continuar ao lado do presidente, porque acho que é esse o papel que tenho que desempenhar", afirmou.

"Falam muito de eu não ter um gabinete, mas precisamos recolocar essa questão. Nos EUA, a primeira-dama tem. Tem também agenda, protagonismo, e ninguém questiona. Por que se questiona no Brasil? Vou continuar fazendo o que acho correto", emendou Janja, que revelou ainda que foi a única primeira-dama a entrar com o marido em uma reunião do G-20, a pedido de Lula.

Janja, no entanto, ressalta que não participa de toda a agenda oficial, mas mantém contato próximo com Lula, inclusive para questionar sobre determinadas ações.

"Todo dia, ele tem uma reunião com os ministros do Palácio do Planalto, mas não estou nesses espaços de decisão. Minhas conversas com o presidente são dentro de casa, no nosso dia a dia, no fim de semana, quando a gente toma uma cerveja. Quando estou incomodada, eu vou lá e questiono. Não é porque eu sou mulher do presidente que vou falar só de marca de batom".

A sociológa ainda falou da relação próxima que tem com ministras, da cobrança sobre mais espaço para mulheres no governo - "às vezes, a gente tem umas discussões um pouco mais assim... fortes" - e do machismo que existe na estrutura governamental do governo progressista, inclusive no entorno de Lula.

Ao falar das ameaças e ataques que sofre, sobretudo nas redes sociais, Janja falou que cobrou a diretora do Google sobre fake news nas redes quando - "sabia que digitando no Google ‘Janja prostituta’ aparecem trocentas fake news?” - e que "tem também a violência e o machismo do entorno". "Entendo, mas não aceito", complementou.

"Do entorno próximo [ao presidente]. Não está no meu controle. O que as pessoas pensam e falam não está na minha governabilidade. Eu tento não levar para o lado pessoal e responder com trabalho", respondeu ao ser indagada se era do entorno de Lula.

Janja também falou sobre a desconstrução do machismo pelo marido, que aos 78 anos busca compreender cada dia mais sobre o assunto, segundo ela.

"É diário, e ele está aberto. Não posso exigir de um homem de 78 anos, com toda a bagagem, que vire algumas chaves de uma hora para outra. Não funciona assim com ninguém", afirmou.