O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta terça-feira (28), no Palácio dos Bandeirantes que não aceitar o projeto de privatizações "é não aceitar o resultado das urnas". A declaração foi uma crítica ao movimento de greve unificada que paralisou vários serviços na capital paulista contra a onda de privatizações propostas pelo governador.
Tarcísio, no entanto, se esqueceu de fazer um pequeno reparo em seu discurso. Na cidade de São Paulo, onde se concentram os principais serviços a serem privatizados, como trens e Metrô, ele perdeu as eleições. Fernando Haddad (PT) teve 54,41% dos votos na capital paulista, conquistando 3.565.920 votos, contra 45,49% de Tarcísio de Freitas.
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Tarcísio apelou em seu discurso que as greves "não têm o poder de mudar o rumo" de seu projeto de privatizações e que, portanto, são ineficazes para o que se propõem:
“São contra aquilo que nós defendemos ao longo da campanha, de estudar privatizações, concessões, participação do capital privado nos serviços públicos. Foi um compromisso. E essa posição foi vitoriosa. Não aceitar essa posição é não aceitar o resultado das urnas, é não aceitar o diferente”, declarou Tarcísio.
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Cidade parada
São Paulo amanheceu parada nesta terça-feira (28), contra as privatizações da Sabesp, além de outros setores como transporte sobre trilhos, trabalhadores do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), professores da rede pública e de servidores da Fundação Casa cruzaram os braços em greve unificada.
A paralisação começou à 0h e tem duração prevista de 24 horas. Com a hashtag #NãoPrivatizaSP entre os assuntos mais comentados do X, antigo Twitter, nove linhas do Metrô e da CPTM estão totalmente ou parcialmente paralisadas:
- As linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata, do Metrô, estão inoperantes
- A 7-Rubi opera parcialmente entre as estações Luz e Caieiras
- A Linha 11-Coral funciona entra Luz e Guaianases
- A linha 10-Turquesa está paralisada
- Os ramais 12-Safira e 13-Jade operam normalmente
- As linhas privatizadas 4-Amarela e 5-Lilás, do metrô, além das 8-Diamante e 9-Esmeralda, dos trens, operam normalmente
- O rodízio municipal de veículos está suspenso na capital paulista nesta terça-feira (28)
Ponto facultativo
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), decretaram ponto facultativo nesta terça em órgãos públicos da cidade.
As aulas das escolas municipais, estaduais e das creches estão mantidas. Os funcionários da Fundação Casa apoiam a paralisação, mas não vão parar as atividades.
A Câmara Municipal de São Paulo também decidiu suspender o expediente presencial nesta terça por conta da greve
A Justiça do Trabalho determinou que funcionários do Metrô trabalhem com 80% da capacidade total nos horários de pico.
Tarcísio classificou a greve como “partidária” e exigiu que 4 mil policiais sigam para as estações de metrô.
Assédio aos trabalhadores
Segundo comunicado dos metroviários, “o governador Tarcísio e o Metrô estão assediando os trabalhadores, violando o direito de greve. Enviando declarações e matérias que dizem que a greve é abusiva e ilegal. Ameaçando os trabalhadores de punição, inclusive, individualmente. Anunciando o deslocamento de 4 mil policiais militares para as linhas de metrô e trem. E agora enviando a todos os trabalhadores por e-mail uma lista de nomes convocados a trabalhar. Não aceitaremos isso! Nossa luta é em defesa da população, que sofre com a privatização, os cortes, as falhas, as tarifas altas e a falta de luz”.
Negou catraca livre
Tarcísio de Freitas voltou a negar nesta segunda-feira (27) a catraca livre proposta pelos trabalhadores durante a greve.
"Se acontecer um acidente, nós vamos ter falhado", disse o governador durante entrevista a jornalistas no Palácio dos Bandeirantes.
Além disso, Tarcísio reafirmou que as paralisações não vão fazer com que o governo mude os projetos de privatização e que, diferente da Sabesp, o plano de privatizar Metrô e CPTM são iniciais e devem acontecer apenas em 2025.
Quatro vezes mais lucros
Os repasses do Bilhete Único (BU), em 2022, foram quatro vezes maiores para as concessionárias do que para Metrô e CPTM. Responsável pela operação das linhas de trem 8-Diamante e 9-Esmeralda desde 2022, a ViaMobilidade, empresa do grupo CCR, é uma das que tem prioridade nos saques, revela reportagem do portal UOL.
No entanto, apesar do alto lucro, a concessionária tem sido alvo de muitas reclamações. Em um ano de operação foram registradas 166 falhas, entre trens que pararam nos trilhos, descarrilamentos e até uma trombada na estação Júlio Prestes.