8 DE JANEIRO

CPI dos Atos Golpistas no DF vai indiciar mais de 100 bolsonaristas

Câmara do DF prepara relatório final do 8 de janeiro há nove meses; PM, Exército e financiadores devem ser mencionados

CPI dos atos golpistas na Câmara Legislativa do Distrito Federal.Créditos: Foto: Rinaldo Morelli/CLDF
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos agendou a leitura e votação do relatório final para 29 de novembro, após nove meses de elaboração na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Com nomes da Polícia Militar (PM), Exército, financiadores e lideranças dos atos golpistas do 8 de janeiro, a lista de indiciados deve superar 100 pessoas. 

O relatório será lido em uma sessão às 9h na CLDF, com previsão de três horas de duração para a leitura do documento de cerca de 300 páginas – texto menor do que o apresentado no Congresso Nacional. A votação será na tarde do mesmo dia, com discussão entre os deputados.

É provável que o relatório receba emendas caso os parlamentares não concordem com a ausência de algum nome no documento elaborado pelo redator Hermeto (MDB). Nas últimas sessões, o deputado afirmou que será indiciado apenas aqueles que tiveram provas contra si.

Possíveis indiciados

De acordo com o presidente da CPI, o deputado Chico Vigilante (PT), o relatório final deve apresentar mais de 100 indiciados. Enquanto a comissão deve pressionar por uma punição exemplar aos militares envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro, a ala bolsonarista pode indiciar Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República na ocasião.

Em abril deste ano, ele se demitiu depois do vazamento de imagens que o mostram circulando no Palácio do Planalto quando golpistas bolsonaristas invadiram o prédio. "Colaram a minha imagem àquela situação momentânea que acontecia ali", comentou ele sobre a ocasião.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, deve figurar na lista de indiciados. Chefe da pasta estadual, ele viajou antes dos atos antidemocráticos em 8 de janeiro. Torres teria sido conivente com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, o que causou o pedido de prisão preventiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por omissão e negligência.

Outro nome de alta patente que deve estar no relatório final é o Coronel Klepter Rosa Gonçalves. Subcomandante da PMDF no 8 de janeiro, ele não teria deixado a tropa de sobreaviso de prontidão, mesmo com os 33 alertas emitidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os mais de 100 ônibus com 4 mil bolsonaristas que chegaram à Brasília na véspera do terrorismo. 

Klepter também teria encaminhado áudios atribuídos falsamente a Ciro Gomes (PDT), nos quais é pedido o afastamento de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em depoimento à CPI em junho, ele atribuiu a decisão de não ter mantido a tropa em prontidão à falta de informações do Departamento de Operações (DOP). "Ainda não tínhamos recebido do DOP a solicitação para emprego em um determinado horário, missão e local específicos. Essa informação estava faltando", justificou ele.