Mauro Cid ficou em silêncio durante depoimento prestado à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta quinta-feira (24).O tenente-coronel, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), optou por não responder às perguntas dos deputados distritais. A sessão foi encerrada por volta das 12h50.
O ex-assessor do presidente de extrema direita explicou a decisão de ficar em silêncio aos parlamentares:
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Sem qualquer intenção de desrespeitar vossas Excelências e os trabalhos conduzidos por essa CPI, considerando a minha inequívoca condição de investigado e por orientação da minha defesa técnica, farei uso, em toda essa sessão, do meu direito constitucional ao silêncio.
Mauro Cid permaneceu fiel à postura adotada durante a CPMI dos Atos Golpistas no Congresso Nacional em julho deste ano. Durante seu depoimento, ele proferiu apenas um discurso inicial, no qual destacou que suas responsabilidades eram principalmente protocolares e incluíam, entre outras coisas, "receber presentes".
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Desde o dia 3 de maio, Mauro Cid está preso por suspeita de inserir informações falsas no sistema do Ministério da Saúde e de adulterar cartões de vacinação contra a Covid. O militar também é alvo de investigação devido a mensagens encontradas em seu celular que abordam possíveis articulações para um suposto golpe de Estado.
Perguntas do presidente da CPI
O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), fez uma série de perguntas ao tenente-coronel.
- Presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT)
- Há quanto tempo você conhece e convive com a família Bolsonaro? Existe algum vínculo de amizade entre a sua família e a família Bolsonaro? Já havia trabalhado com a família?
- O senhor se tornou ajudante de ordem do ex-presidente pela amizade, influência que seu pai nutria com o ex-presidente? Qual cargo seu pai ocupou durante o mandato de Jair Bolsonaro?
- O senhor acredita que se fosse um dos filhos do ex-presidente que estivesse preso, ele teria admitido que ordenou a venda das joias? Acredita que se a situação fosse ao contrário — seu pai fosse culpado pela prisão do filho do ex-presidente — o ex-presidente faria uma delação premiada para livrá-lo da cadeia?
- O senhor participou ou planejou difusão de fake news sobre as urnas eletrônicas? O senhor foi responsável por divulgação de fake news?
- O senhor, o ex-presidente Jair Bolsonaro e demais militares próximos a ele fizeram pressão aos integrantes das cúpulas das Forças Armadas para que eles aderissem ao seus planos golpistas e decretassem uma intervenção militar no Brasil?
- O senhor tem conhecimento se houve alguma reunião dos comandantes das três forças com o ex-presidente no sentido de apoiar ideias como o fechamento do STF, do Congresso Nacional, a prisão do ministro Alexandre de Moraes e da deposição do presidente eleito, da mesma forma que aconteceu em 1964?
- Como se deu a participação do senhor e do seu pai nesse esquema criminoso da venda das joias?
- O senhor viu essas joias?
- O senhor entende que a culpa dos manifestantes não se desmobilizarem das portas dos quarteis seriam o fato do ex-presidente e dos generais Augusto Heleno e Braga Netto não terem aceitado publicamente os resultados das eleições? Por que nenhuma autoridade das Forças Armadas foi à público defender a democracia e a lisura do sistema eleitoral brasileiro?
- Como o senhor explica esses depósitos [supostamente feitos a mando da família Bolsonaro]? Qual é a origem desse dinheiro?
- Como o senhor lida com essa situação? O senhor estaria disposto a realizar algum ato para salvar sua carreira militar?
O parlamentar comentou que é legítimo o direito de Mauro Cid de optar pelo silêncio.
Embora tenha optado pelo silêncio, o militar foi confrontado por deputados distritais. Como Fábio Félix (Psol), que criticou a tática do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de ficar em silêncio.
O deputado Gabriel Magno (PT), comentou que Mauro Cid envergonha as Forças Armadas.