Ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (PL), o general Carlos Alberto Santos Cruz deu uma entrevista ao portal Uol na manhã desta segunda-feira (21) em que comenta o caso protagonizado pelo ex-presidente e seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, de desvios e revenda nos EUA de joias e objetos de luxo da União. O militar usou os princípios da hierarquia e da obediência militar para afirmar que Cid recebeu ordens diretas.
“É muito difícil um subordinado tomar determinadas iniciativas sem conhecimento ou sensação de que está sendo aprovado pelo chefe. Ele não tem essa liberdade para tomar essas medidas como estamos assistindo”, afirmou Santos Cruz.
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Em seguida, a análise do militar busca isentar as Forças Armadas de uma eventual participação nesse e em outros esquemas de Bolsonaro, o que colocaria possíveis condutas ilegais de Cid em sua conta pessoal. “Não tem justificativa para cumprir ordem ilegal, se o fez, é responsabilidade individual. Nunca nenhuma instituição ensinou que é para cumprir ordens ou fazer coisas ilegais”, pontuou.
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Santos Cruz ainda criticou os militares que embarcaram cegamente no ideário bolsonarista, dentro do que qualificou como “efeito de fanatismo”. Apesar de ter feito parte do governo entre janeiro e junho de 2019, aparentemente aquele momento não o deixou com saudades.
“No início do governo, quando estava lá, e por isso me descompatibilizei, tinha um comportamento de seita, de gangue digital, de bandidos da internet. Tinha até um guru. Não vou falar nada porque já faleceu”, concluiu.
Bolsonaro, Cid e o Rolex
Em 11 de agosto a Polícia Federal deflagrou operação que investiga o esquema de desvio de joias e objetos de luxo da União para serem revendidos nos EUA. Nomes como o de Mauro Cid e do advogado Frederick Wassef estão entre aqueles que a investigação mira.
Entre os objetos desviados estaria um relógio Rolex, cravejado de diamantes que, após ser desviado em operação supervisionada por Cid, foi vendido nos EUA e acabou recomprado na mesma loja por Wassef depois que o escândalo caiu na imprensa. O general Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, também acabou preso após ter seu reflexo capturado pela foto de um outro objeto de luxo que seria vendido.
Preso há 3 meses por conta de outro escândalo, o de fraudes nos cartões de vacinação de Bolsonaro e da própria família, uma possível delação de Mauro Cid que pode apontar o ex-presidente como o mandante do esquema agita a imprensa, as redes sociais e os ambientes políticos do país.
Na última quinta-feira (17), o novo advogado de Mauro Cid, o renomado criminalista Cezar Bitencourt, mandou um recado através da revista Veja para a defesa de Bolsonaro de que seu cliente confessaria os crimes à PF e o apontaria como mandante.
Rapidamente, a defesa de Bolsonaro se apressou a entrar em contato com Bitencourt e revelou que trabalhará com a hipótese de que o ex-presidente daria autonomia de ação ao ajudante de ordens e que invocará um decreto do ex-presidente Michel Temer (MDB) que teria hipoteticamente transformado joias em “itens personalíssimos”.
De posse das informações, Bitencourt apresentou um recuo na última sexta-feira (18), até que nessa segunda-feira (21) a imprensa voltou a divulgar que Cid entregará Bolsonaro.