O coronel Klepter Rosa Gonçalves, comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), se defendeu por não ter mantido a tropa da corporação em prontidão diante das ameaças do dia 8 de janeiro. Ele atribuiu a decisão à falta de informações do Departamento de Operações (DOP).
“Perguntei ao coronel Fábio Augusto [ex-comandante-geral da PMDF] se não era viável deixar a tropa de sobreaviso, cientes que poderiam ser escalados a partir das 7h da manhã, para que eles já estivessem em condições de se deslocar para o Batalhão, assim determinado, para assumir a missão, porque haveria a possibilidade de necessidade de emprego maior ao longo do dia”, recordou.
Ele fez essa declaração nesta quinta-feira (15), durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Durante a tentativa de golpe, Rosa ocupava o cargo de subcomandante-geral da PMDF. Ele confirmou que recomendou deixar a tropa em estado de sobreaviso, não em prontidão. No estado de sobreaviso, os militares que não estavam escalados para a ação permaneceram em casa e foram acionados posteriormente para se deslocarem à Esplanada.
O policial também argumentou que não havia previsão de horário para a chegada dos manifestantes à Esplanada, nem mesmo se eles realmente desceriam, e afirmou que não era viável manter o efetivo em prontidão constante.
“Se eles entram em prontidão a partir de sábado, a partir de sexta, e domingo de manhã direto, e esse efetivo fica na prontidão, primeiro, o efetivo que está na folga, que está de serviço voluntário, não seria empregado no serviço voluntário, que reforça o policiamento na cidade. Segundo, se eles permanecessem e a gente precisasse de efetivo a noite, se a manifestação progredisse no período da tarde, da noite, qual tropa que a gente faria rendição de quem já estava no serviço de rua?”, perguntou.
O comandante-geral da PMDF atual atribuiu a falta de informações precisas ao DOP, afirmando que houve falha no repasse dessas informações.
"A primeira medida é deixar a tropa de sobreaviso, pois ainda não tínhamos recebido do DOP a solicitação para emprego em um determinado horário, missão e local específicos. Essa informação estava faltando. Se o DOP tivesse solicitado a presença do efetivo, confirmando que a manifestação ocorreria, desceria para a Esplanada e precisaria desse efetivo à tarde, com certeza teríamos instruído a tropa a ficar de prontidão nesse horário. Essa é a diferença entre sobreaviso e prontidão. Na prontidão, já temos um evento específico agendado para um horário determinado. E mobilizamos a tropa em prontidão", explicou.
Questionado pelo presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), sobre quem foi responsável pela alocação de um baixo efetivo policial em 8 de janeiro, Klepter foi enfático: "O efetivo utilizado foi o determinado pelo DOP, comandado pelo coronel Paulo José. Ele é o responsável".
O depoente também reconheceu que, após avaliar os acontecimentos do dia da tentativa de golpe, acredita que "o efetivo deveria ter sido maior". Sobre a decisão de não deixar a tropa em prontidão, ele admitiu que teria dado essa ordem "se soubesse o que estava prestes a acontecer".
Quem é Paulo José
No dia 8 de janeiro, Paulo José ocupava o cargo de comandante do DOP, substituindo temporariamente o coronel Jorge Eduardo Naime, que estava de férias. Ele também foi convocado a prestar esclarecimentos na CPI dos Atos Antidemocráticos especialmente após ser apontado como responsável por liberar a Esplanada antes da manifestação. Ele apresentou um atestado médico psiquiátrico e teve o depoimento adiado, sem data definida.
Assista