Repatriado pelo governo Lula na última segunda-feira (13), quando chegou ao Brasil com o grupo de 32 brasileiros-palestinos que estavam reféns dos ataques dos militares de Israel em Gaza, Hasan Rabee foi às redes na manhã desta quarta-feira (15) rebater fake news divulgadas pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e pelo ex-Secom e advogado de Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten.
Nesta terça-feira (14), Wajngarten propagou uma falsificação grosseira de uma suposta publicação da Rabee nas redes em que ele apoiaria o ataque a um ônibus em Israel.
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Em seguida, Wajngarten fez nova publicação acusando Rabee de apoiar o "terrorismo". Na publicação, a imagem divulgada por Ferreira já aparece com o layout do Instagram, embora a imagem não conste no feed do Instagram de Rabee.
"Com a palavra o Governo Federal: Falha de pesquisa prévia como ocorreu no cabuloso encontro no Ministério da Justiça ou nem disfarçam mais no apoio ao TERRORISMO!?!', escreveu Wajngarten, um dos principais articuladores de Bolsonaro com o movimento sionista e o governo de ultradireita fascista de Benjamin Netanyahu em Israel.
Na manhã desta quarta, Rabee foi às redes e rebateu as mentiras propagadas contra ele nas redes sociais, que foram propagadas em grupos bolsonaristas.
"Muitas notícias falsas e fake news estão sendo divulgadas. Algumas estão tentando nos calar. Sou contra a agressão e a violência e armamentos. Procuramos a paz entre Israel e a Palestina. Nada justifica matar alguém nos dois lados de quem for", escreveu o brasileiro-palestino.
À Fórum, Rabee já havia afirmado que a publicação propagada pelos bolsonaristas trata-se de fake news. "Isso é fake news. Eu sou favor da paz, da conversa e diálogo entra os os dois países. Meu Instagram está aberto para todos, podem checar. Para mim, eles vão tentar ainda mais coisas para atacar o trabalho que o presidente Lula vem fazendo".
Edgard Piccino, analista de redes sociais da Fórum, afirma que há vários indícios que mostram que a imagem é uma falsificação grosseira.
"Se fosse print de celular, os pontinhos à direita estariam na vertical. Quando ficam na horizonte é a versão web. Então, o falsificador teria que ter feito print do Instagram na Web. Na imagem da direita, um print original da página do Hasan, é possível notar que a fonte é diferente. É uma fonte mais fina, não tão grossa quanto da falsificação à da esquerda. O tamanho da foto é diferente - e o Instagram padroniza os tamanhos de fotos. Pegaram a imagem e fizeram uma montagem claramente. Um print de web não se parece com essa imagem. E se fosse um print do celular, os três pontinhos estariam na vertical", diz explicando a falsificação a partir da imagem abaixo com a falsificação (à esquerda) e um print de uma publicação recente à direita.
"Nesse feed você vê as postagens recentes das pessoas que segue, se quiser pesquisar uma publicação antiga no perfil de uma pessoa. Ou seja, quem fez o 'print', teria que ser seguidor do Hasan na época em que ele teria postado, feito o print e guardado, meses, anos atrás, quando o Hasan era uma figura desconhecida", diz Piccino.
"E um outro detalhe, quando a pessoa que fez o "print" do Fabio, tempos atrás, sabe-se lá quando, o Hasan já usava a mesma foto de perfil de hoje, com as filhas?", emenda o analista. "Ou seja, o 'print' é uma falsificação grosseira", conclui.
Ataque a Lula
Na madrugada de terça, logo após a recepção aos repatriados que vieram de Gaza, Wajngarten foi às redes para atacar Lula, que subiu o tom contra a ação genocida do governo sionista de Israel, classificando as agressões como "terrorismo".
"Eu nunca vi uma violência tão bruta, tão desumana contra inocentes. Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, que eles não estão matando soldados, estão matando junto crianças. E depois, a destruição daquilo que as pessoas levam décadas para construir", disse Lula na chegada dos repatriados.
Na rede X, antigo Twitter, o ex-Secom afirmou que "Lula teve a desfaçatez de comparar Israel com o Grupo Terrorista Hamas".
"Israel é o berço das 3 religiões: Católica, Judaica e Muçulmana. Ele ataca a todos em mais uma fala que só demonstra o quanto ele está descolado da realidade e da lucidez mínima que o Brasil necessita", emendou Wajngarten, buscando inverter a narrativa ao dar interpretação própria à fala de Lula contra a ação dos sionista em Gaza.
Pela manhã, o advogado de Bolsonaro compartilhou um link do site Antagonista, que tem Lula como alvo preferido, dizendo que o presidente "transforma a chegada de brasileiros em ato anti-Israel". "Vai vendo", escreveu Wajngarten.