ASSASSINATO DE MÉDICOS

Cappelli diz que investigação sobre execução dos médicos continua: "não é lei da selva"

"Não tem cabimento a gente dizer que organizações criminosas cometem um crime e elas mesmas resolvem esse crime", disse o secretário de Flávio Dino, que se reúne com o governador do Rio, Cláudio Castro.

Ricardo Cappelli.Créditos: Jerônimo Gonzalez/Ministério da Justiça
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Secretário-executivo do Ministério da Justiça e um dos principais cotados para assumir o comando no lugar de Flávio Dino em caso de indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Cappeli afirmou que as investigações sobre o assassinato dos três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, vão continuar mesmo após o assassinato dos suspeitos de executarem o crime, supostamente a mando do Comando Vermelho.

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"1 - Não é correto tecer comentários sobre investigações em curso. 2 - Não é lei da selva.  3 - A PF segue colaborando com o governo do Rio para elucidar os fatos, identificar e punir todos os envolvidos", afirmou na rede X, antigo Twitter.

Cappelli se encontra nesta sexta-feira (6) com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). Na noite desta quinta-feira (5), a polícia encontrou corpos que seriam de traficantes que teriam confundido um dos médicos, o ortopedista baiano Perseu Almeida com o miliciano Taillon Alcântara, o que resultou na execução dos médicos.

Em entrevista logo pela manhã, o secretário, que atuou como interventor na segurança do Distrito Federal no 8 de Janeiro, afirmou que as investigações seguirão, com a colaboração da Polícia Federal.

"O Brasil possui leis, possui regras, tem um estado de direito que precisa e será respeitado. Não tem cabimento a gente dizer que organizações criminosas cometem um crime e elas mesmas resolvem esse crime. A Polícia Federal acompanha as investigações, não só acompanha como colabora, e a gente espera cooperar para a elucidação desse caso o mais rápido possível", afirmou.

Tribunal do crime

A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou no fim da noite desta quinta-feira (5) os corpos de quatro supostos traficantes que teriam assassinado os três médicos - entre eles o ortopedista Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) - durante a madrugada na orla da Barra da Tijuca.

Os corpos estava dentro de dois carros localizados na zona Oeste da capital fluminense. Os supostos traficantes teriam sido executados a mando da cúpula do Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro, por terem confundido o médico Perseu de Almeida com o miliciano Taillon de Alcântara, filho do chefe da milícia de Jacarepaguá, Muzema e Rio das Pedras, e rival da quadrilha do narcotráfico.

Segundo a polícia, ao menos dois dos supostos traficantes encontrados mortos são suspeitos de terem participado do assassinato dos médicos: Philip Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Nunes de Almeida, que integrava o grupo liderado por Lesk, chamado de "Equipe Sombra".

Os outros dois corpos encontrados ainda não foram identificados, mas a polícia já confirmou que Bruno Pinto Matias, o Preto Fosco, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, não estão entre os mortos. Eles também estão entre os suspeitos do assassinato dos médicos.

A execução dos assassinos dos médicos teria sido encomendada pela cúpula do Comando Vermelho após julgamento sumário pelo chamado Tribunal do Crime.

A ação teria sido encarada como desastrosa pela liderança do CV, já que o alvo central do ataque teria sido confundido e, para piorar, quatro inocentes, os médicos ortopedistas renomados que participariam de um congresso, acabaram sendo vitimados, o que rendeu repercussão mundial.

segundo as investigações, um traficante da comunidade Gardênia Azul, conhecido como “BMW”, teria passado uma informação errada ao líder do bando nessa comunidade, cujo apelido é “Lesk”. Um áudio que seria de “BMW” informa que o miliciano Taillon de Alcântara, filho do chefe da milícia de Jacarepaguá, Muzema e Rio das Pedras, rival da quadrilha do narcotráfico, estaria bebendo “num quiosque no Posto 2” da orla da Barra da Tijuca.

O homem visto não era Taillon, mas sim o médico Perseu de Almeida, que estava acompanhado de outros três colegas, também médicos. O local informado também estava errado, uma vez que o Quiosque do Naná fica entre os postos 3 e 4.