A guerra entre grupos milicianos e facções ligadas ao tráfico de drogas na zona Oeste do Rio de Janeiro provocou uma tragédia e escancarou dados que, até então, eram tratados apenas por especialistas e organizações que acompanham a escalada da violência em uma área em franca disputa na capital fluminense.
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Um dos bairros mais badalados pela alta sociedade carioca, a Barra da Tijuca fica encravada numa região em franca disputa entre o CV e grupos milicianos liderados pelo ex-PM Dalmir Pereira Barbosa, o Barriga, citado na CPI das Milícias em 2008 como um dos líderes de Rio das Pedras.
Dalmir Pereira é pai de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que conseguiu liberdade condicional em março deste ano e era alvo do Comando Vermelho por causa da disputa do comando do crime em Jacarepagua.
Um dos médicos assassinados, o ortopedista baiano Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, teria sido confundido com Taillon pelos traficantes ligados ao Comando Vermelho. O engano teria motivado a execução também de Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, e de Diego Ralf Bonfim, 35, irmão da deputada Sâmia Bomfim.
O assassinato por engano dos três médicos levou os executores, que seriam ligados ao Comando Vermelho, ao chamado Tribunal do Crime. Devido à repercussão da ação atabalhoada, a cúpula da facção resolveu executar os autores para colocar um ponto final nas investigações.
Dados do Instituto Fogo Cruzado mostram o crescimento das execuções e chacinas na região em meio à disputa entre o CV e a milícia. Em 2023, já foram registradas 53 execuções, com 67 vítimas na zona oeste do Rio de Janeiro. Em 2022, foram 12 execuções com 15 mortos. Os tiroteios na região aumentaram 54% na região e o número de mortes 123%.
O aumento ocorreu desde que o miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, morreu durante operação policial em Três Pontes em 2021. Ele era o líder da milícia na região, especialmente em Jacarepagua. Com sua morte, a milícia teria rachado e o Comando Vermelho tenta reaver a área.
Saiba quem são os principais envolvidos na disputa entre milícia e Comando Vermelho que resultou no assassinato dos médicos.
- Dalmir Pereira Barbosa, o "Barriga": Ex-sargento da PM do Rio, foi citado na CPI das Milícias em 2008 e chegou a ser preso como líder da milícia que domina a comunidade de Rio das Pedras e tenta controlar Jacarepaguá.
- Taillon de Alcântara Pereira Barbosa: filho de "Barriga", foi preso em 2020 e colocado em liberdade condicional em março deste ano, quando virou alvo do Comando Vermelho. Na execução dos médicos, os criminosos confundiram o ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida com Taillon.
- Philip Motta Pereira, o Lesk: líder do Comando Vermelho na região de Jacarepágua, o traficante teria ordenado o assassinato dos médicos após receber a informação errada de que Taillon de Alcântara estaria bebendo “num quiosque no Posto 2” da orla da Barra da Tijuca. Ele foi encontrado morto na noite desta quinta-feira (5), supostamente após julgamento sumário do CV.
- Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW: traficante da comunidade Gardênia Azul, BMW teria passado a informação errada a Lesk sobre a presença de Taillon no quiosque da Barra. Ele está desaparecida, mas segundo investigação da Polícia já teria sido executado a mando da cúpula do CV.
- Ryan Nunes de Almeida: integrava o grupo liderado por Lesk, chamado de "Equipe Sombra". Foi encontrado morto juntamente com Lesk após suposta execução pela cúpula do CV.
- Bruno Pinto Matias, o Preto Fosco: Também seria membro da "Equipe Sombra", de Lesk. Está desaparecido.