O avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre a organização criminosa que atuava sob o comando de Jair Bolsonaro (PL) tem deixado o ex-presidente, que está inelegível até 2030, cada dia mais apavorado.
O principal medo de Bolsonaro é em relação à delação do tenente coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e principalmente de que os crimes delatados envolvam os filhos, Michelle Bolsonaro e até mesmo as ex-mulheres.
Te podría interesar
Reportagem de Aguirre Talento no portal Uol nesta segunda-feira (23) afirma que Cid envolveu Bolsonaro diretamente na fraude dos cartões de vacinação.
Entre os documentos fraudados está o da filha, Laura Bolsonaro, de 13 anos, que não teria sido imunizada contra a Covid-19 por ordem do pai.
Te podría interesar
Segundo Cid, a fraude nos cartões de vacina teria foi feita a mando de Bolsonaro. Além dos documentos do ex-presidente e da filha, o militar também teria fraudado os certificados de vacinação para ele mesmo e para a família, para que pudessem acompanhar o ex-chefe nos EUA.
Após a divulgação do trecho da delação nesta segunda, Bolsonaro teria decidido se afastar definitivamente da família Cid. O ex-presidente vinha tentando uma reaproximação com o general Mauro Cesar Lourena Cid, amigo de longa data e pai do ex-ajudante de ordens.
O ex-presidente teria, inclusive, sido informado pelo pai do tenente coronel que ele não estaria no centro das delação. No entanto, Bolsonaro não acredita mais no amigo, com quem estudou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) nos anos 1970.
Depois do vazamento, Bolsonaro e seu entorno se preparam para o embate judicial com Cid, acreditando que realmente é a figura principal da delação do militar.
Vacinas
A versão de Bolsonaro sobre a fraude nos cartões de vacina contrasta com a de Cid. Em maio, o ex-presidente izia que não conhecia as fraudes nos cartões de vacinação e que tampouco havia orientado ninguém nesse sentido.
Fábio Wajngarten, seu advogado e ex-Secom, reafirmou a versão do ex-presidente à reportagem do Uol e agregou que seu visto para os EUA não precisaria do certificado de vacinação, assim como o de sua filha mais nova.
Mas as investigações acerca das fraudes nos cartões de vacinação são talvez as mais avançadas na PF que podem levar Bolsonaro à cadeia.
Ainda no começo do ano foi descoberta uma série de mensagens no celular de Cid em que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro pedia a inserção de dados falsos no sistema eletrônico do SUS - mais tarde ficaria comprovado que essas inserções possibilitaram os cartões fraudados. Além de Bolsonaro e sua filha Laura, a própria família de Cid teria fraudado certificados de vacinação para si.
Foram com essas informações que em 3 de maio a PF realizou a Operação Venire, que fez buscas e apreensões na casa de Bolsonaro em Brasília, além de uma série de outras buscas e prisões. Um dos presos foi Ailton Barros, aliado de longa data de Bolsonaro. O ex-major do Exército teria feiro parte do esquema que operava a fraude em postos de saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ).
Mauro Cid também foi preso em 3 maio no âmbito da Operação Venire e acabou solto em 9 de setembro após homologar um acordo de delação premiada.