Novos diálogos obtidos pela Operação Spoofing, da Polícia Federal, mostra que o ex-procurador e deputada federal cassado Deltan Dallagnol (Novo-PR) fez piadas com o seu famoso Power Point, criado em setembro de 2016 para colocar Lula como figura central de um esquema investigado pela Lava Jato, em conversa com Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional no Brasil.
No novo lote de diálogos, revelado pelo site Consultor Jurídico, Dallagnol faz troça de sua "habilidade com marketing" ao consultar Brandão sobre uma campanha anticorrupção que estava sendo criada em parceria com a ONG.
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Brandão elogia o texto e a habilidade com marketing de Dallagnol que, vaidoso, solta a piada.
"Como procurador estou dando pro gasto como comunicador rsrs… deixa que eu vou fazer um gráfico de bolinhas concêntricas com as 12 propostas e vai bombar na net", disse, em 20 de fevereiro de 2019, mais de dois anos após a famigerada primeira apresentação para tentar incriminar Lula.
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"Depois Vc vai poder dizer que a TI é tão importante no BR que o coordenador da maior ação anticorrupção do mundo é seu assessor", gabou-se o ex-procurador.
Os diálogos divulgados nesta segunda-feira (2) mostram que Dallagnol e Brandão trocavam impressões sobre textos e combinavam ações públicas alinhadas aos interesses da Lava Jato.
"Vamos soltar uma nota, daqui a pouco lhe mostro. Ainda tenho que pegar a autorização com Berlim, mas veja o que acha, pf", disse Brandão a Dallagnol sobre texto da Transparência Internaconal, que seria enviado para aprovação da matriz da ONG, na Alemanha.
"Contribuir para a apuração dos fatos' parece que quer contribuir com a apuração de atividade ilícita rsrsrs. da pra mudar um pouco essa parte? talvez 'a Transparência Internacional é testemunha da intenção manifestada pelo Procurador Dallagnol de destinar os valores recebidos em palestras e em vendas de seu livro para o combate à corrupção'", opinou o ex-procurador.
Em 14 de fevereiro de 2018, foi a vez de Dallagnol enviar artigo para Brandão opinar. "Bruno veja se tem alguma sugestão diferente. Adapte como ficar melhor. A Andrea, que já foi da nossa ASSCOM e foi para outro órgão (MPT), preparou os posts pra mim (pago ela por mês para posts em geral)", escreveu, recebendo um "tudo certo", do amigo.
Diálogos já divulgados pelo Conjur mostram que em 2017 Dallagnol pediu a Bruno para o Allard Prize, prêmio promovido pela University of British Columbia, no Canadá, caso a indicação da força-tarefa saísse vencedora - o que não aconteceu.
"Podemos tentar fazer esta transferência sim, dos recursos, pro fundo que queremos abrir no Brasil", respondeu prontamente Brandão.
"Tínhamos pensado em fazer algo para ganhar créditos pra FT. Se o dinheiro fica no Canadá, não ganhamos créditos. Não dá ibope", respondeu o ex-procurador.
A Lava Jato, no entanto, não ganhou o prêmio de 100 mil dólares, que acabou ficando com a jornalista do Azerbaijão Khadija Ismayilova.