FUNDO PARTIDÁRIO

PL vai contratar militar membro da OrCrim que recomprou Rolex de Bolsonaro por R$ 25 mil mensais

Partido de Valdemar da Costa Neto virou um grande cabide de emprego para Bolsonaro e aliados alvos da PF. Coronel da reserva, Marcelo Câmara atua como assessor do ex-presidente, com salário de R$ 11 mil.

Créditos: Presidência da República
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Partido que deu guarida à tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e que agora usa o fundo partidário para sustentar um cabide de empregos ligados ao ex-presidente, o PL negocia a contratação do coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, investigado pela Polícia Federal (PF) como membro da organização criminosa que vendeu joias e presentes recebidos pela Presidência nos Estados Unidos.

Para contratar o militar que faz parte da OrCrim bolsonarista, a sigla comandada por Valdemar da Costa Neto deve desembolsar mensamente R$ 25 mil do fundo partidário, recurso público direcionado às siglas políticas.

Segundo a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, o valor é referência para os coronéis contratados pela legenda.

Capitão da reserva, o ex-presidente e a esposa, Michelle Bolsonaro, recebem mensalmente cerca de R$ 39 mil mensais cada um. Já o general Walter Braga Netto, que foi candidato a vice, embolsa R$ 26 mil da legenda como secretário de articulação institucional.

No portal Transparência do governo federal, os últimos salários pagos a Câmara datam de julho deste ano, quando ele recebeu R$ 11.306,90 como assessor de Bolsonaro - cargo que ele ainda ocupa - e outros R$ 27,5 mil como reservista. Os dois valores são do salário bruto, sem os descontos previstos.

Rolex

Marcelo Câmara participou ativamente da operação para recompra do kit de joias contendo um anel, abotoaduras, um rosário islâmico (“masbaha”) e o relógio da marca Rolex que a organização criminosa ligada a Bolsonaro vendeu nos EUA.

Segundo a PF, a articulação para a recompra ocorreu em um grupo no WhatsApp chamado "Kit de Ouro Branco" com Mauro Cid, Câmara e o segundo tenente Osmar Crivelatti.

Câmara teria sido o responsável por receber o Rolex das mãos do advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, em São Paulo, antes de devolver a joia ao Tribuna de Contas da União (TCU).

Nove dias antes de fugir com Bolsonaro para os EUA, no fim de dezembro, o militar recebeu um inventário de "Encerramento e Entrega do Acervo Privado Presidencial", em e-mail do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, que lista o relógio e outros "presentes".

O e-mail sigiloso, ao qual a Fórum teve acesso, é parte do pacote enviado à CPMI dos Atos Golpistas e foi enviado a Câmara no dia 21 de dezembro de 2022. Câmara foi alvo de operação da PF em maio e teria chefiado uma espécie de "Abin paralela" no governo Bolsonaro. 

No dia 30 de dezembro, o militar embarcou no avião presidencial juntamente com Bolsonaro e a mala com joias, incluindo o Rolex, que foram negociados nos EUA sem dar ciência ao e-mail enviado pelo Chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.