GOVERNO LULA

Com discurso histórico, Silvio Almeida assume Direitos Humanos: não haverá anistia

Almeida citou ditado Iorubá para lembrar as lutas seculares dos negros e se dirigiu aos grupos perseguidos por Bolsonaro, como mulheres, pretos, indígenas, lgbts e vítimas da fome: "Vocês existem e são valiosos para o país"

Lula e Silvio Almeida.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en POLÍTICA el

Com discurso histórico, o advogado, escritor e professor Silvio Almeida assumiu nesta terça-feira (3) o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula (PT), anunciou seus secretários e sinalizou que não haverá anistia para os crimes praticados na Ditadura Militar e tampouco àqueles desencadeados pelo discurso de ódio do governo neofacista de Jair Bolsonaro (PL).

"Recebo o ministério arrasado, conselhos foram encerrados e o orçamento foi drasticamente reduzido. A gestão anterior tentou extinguir a Comissão de Mortos e Desaparecidos, não conseguiu. Todo ato ilegal, baseado e praticado no ódio e no preconceito, será revisto por mim e pelo presidente Lula", afirmou Almeida, que garantiu a manutenção da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

A comissão vai funcionar sob o comando de Nilmário Miranda (PT-MG), que foi preso político na Ditadura, foi secretário dos Direitos Humanos no primeiro governo Lula e um dos responsáveis pela lei que reconheceu os mortos e desaparecidos pela ditadura militar. No ministério, Nilmário atuará como assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade.

Além dele, farão parte da equipe ministerial de Silvio Almeida: 

  • Anna Paula Feminella, secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência;
  • Alexandre da Silva, secretário Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa;
  • Ariel de Castro Alves, secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;
  • Symmy Larrat, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+

Discurso histórico

Em seu discurso de posse, Almeida citou um antigo ditado Iorubá, idioma que tem origem na Nigéria e é usado nas religiões de matriz africana no Brasil: Exu matou o pássaro ontem com a pedra que só jogou hoje.

"[O ditado] tem como uma das interpretações possíveis o fato de que presente, passado e futuro são realidades entremeadas. E nessa encruzilhada que nos encontramos, eu diria que são também indissociáveis. Isso é importante dizer para que não esqueçamos da grandiosidade de nossas lutas", disse Almeida ao lembrar as lutas históricas do passado do país.

"Assumo hoje a função de ministro de Estado de Direitos Humanos e da Cidadania tendo a plena consciência de que não o faço só e não o faço por mim. Sou fruto de séculos de lutas e resistência de um povo que não se resignou nem mesmo diante dos piores crimes e horrores de nossa História", afirmou.

Silvio Almeida ainda lembrou do escritor, advogado e jornalista negro Luis Gama, patrono da abolição da escravatura no Brasil.

"Muito antes do pastor Martin Luther King ter tido isso, disse Luis Gama que tinha um sonho, que era ver o Brasil americano e as terras do Cruzeiro sem reis e sem escravos", discursou o ministro.

De forma emocionada, Almeida ainda prestou uma homenagem a toda população que foi aterrorizada e perseguida durante o governo Jair Bolsonaro: trabalhadores, mulheres, pretos e pretas, povos indígenas, pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, intersexo, não binárias, em situação de rua, deficientes, idosas, anistiados, vitimas de violência, da fome e da falta de moradia e empregadas domésticas.

"Vocês existem e são valiosos para o país", repetiu a cada Grupo o ministro, que ainda lembrou de Marielle Franco e de Pelé.

Assista a uma parte do discurso abaixo e a íntegra da posse aqui.