Em discurso após reunião com reitores de universidades e institutos de educação federais nesta quinta-feira (19), Lula chorou ao falar da vitória brasileira contra a falta de civilização e o ódio imposto pelo "coisa", como se referiu a Jair Bolsonaro (PL).
"Eu quando comecei a falar com vocês, vocês perceberam que eu até gaguejei porque eu estava emocionado com esse encontro", disse Lula com os olhos rasos d'água.
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"Eu tenho 77 anos de idade e eu nunca vi o Brasil tomado pelo ódio que ele foi tomado. Ele foi tomado pelo ódio porque em algum momento este país teve muita gente que começou a negar a política. E na hora que você começa a negar a política, acontece o que aconteceu nos EUA com o Trump, acontece o que aconteceu no Brasil com o 'coisa' - porque eu não quero falar o nome dele", emendou falando do "surgimento de uma extrema-direita fanática, raivosa, que odeia tudo aquilo o que não combina com o que eles pensam".
"É um novo monstro que temos que enfrentar e derrotar. E não é uma coisa apenas brasileira, mas uma coisa do mundo afora. [...] E eu acho que o Brasil não merecia passar por isso", afirmou o presidente.
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Lula ainda falou dos retrocessos nas escolas, nos locais de trabalho, "em cada lugar que as pessoas estava habituadas a uma certa civilização".
"As coisas mudaram no Brasil, mudaram a ponto de acontecer o que aconteceu no dia 8 aqui em Brasília. Nós estamos aqui nesse salão, que foi semidestruído e podemos fazer reunião nele porque um grupo de funcionários de empresas terceirizadas, que ganham salário mínimo, que não tem sequer plano de saúde, limpou isso aqui para que a gente pudesse se reunir", disse, emocionando a plateia.
Lula ainda sinalizou que deve fazer contratação de pessoas na área de manutenção do Planalto. "Não faz sentido, dentro do Palácio onde está o Presidente da República, que vive falando em Justiça social todo dia, a gente ter trabalhador terceirizado aqui dentro. Aqui a gente tem que contratar as pessoas, profissionalmente, têm que ganhar mais que o mínimo e ter plano de saúde. Porque senão o nosso discurso ficae evasivo", disse, se emocionando.
Cancelier
Lula ainda lembrou os 5 anos e 4 meses da morte do reitor Luiz Carlos Cancelier, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que se matou após um processo de perseguição pela Lava Jato.
"Faz 5 anos e 4 meses que esse homem se matou pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas, que condenaram antes de julgar, e a gente nem podia fazer um ato em memória dele porque nesse país deixou de se existir reunião de reitores há muito tempo".
"Então eu quero aproveitar esse momento, com 5 anos e 4 meses de atraso, que você, Luiz Carlos Cancelier, que pode ter morrido a sua carne, mas suas ideias estarão no meio de nós a cada momento que a gente pensar em educação, na formação profissional do povo brasileiro. Esteja onde estiver, pode estar certo que aqui tem muita gente disposto a dar sequência ao trabalho que você fazia e às ideias que acreditava. Você morreu, mas suas ideias continuam vivas", disse Lula, novamente emocionado.
Assista.