“Uma tragédia está para se abater no Brasil e não podemos permitir”, diz o início da mensagem bolsonarista que vem sendo divulgada nas redes sociais e aplicativos de mensagens neste sábado (14) e acusa o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de convidar o filósofo francês Michel Foucault para atuar ao seu lado, como mentor.
“O sistema prisional vai acabar, os criminosos tomarão as ruas. Nós, cidadãos de bem, trabalhadores, honestos, servos do Senhor, devotos da família, perderemos a nossa liberdade, ficaremos à mercê da marginalidade, nossos filhos perderão a noção de certo e errado, entenderão que o crime compensa”, diz a fake news recheada de clichês bolsonaristas que exige a não vinda do “abominável Michel Foucault”.
Ao tomar conhecimento de 'tamanha denúncia', Flávio Dino usou as redes sociais para responder aos golpistas. “Venho a público esclarecer que não consigo ressuscitar pessoas”, escreveu o ministro, antes de lembrar que o filósofo francês faleceu em 1984 e, portanto, não poderia atuar como seu mentor no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A única meia-verdade do conteúdo bolsonarista jaz no fato de que Foucault foi um grande crítico do sistema penitenciário francês e das dinâmicas de controle dos corpos que, de acordo com seu trabalho, são inerentes à situação de encarceramento e transpostas a outras áreas da sociedade. No entanto, mesmo dentro da esquerda o filósofo francês está longe de ser uma unanimidade ao ponto de tornar-se, caso ainda fosse vivo, “mentor” de um Ministério.